A coalizão governamental do primeiro-ministro grego, Antonis Samaras, obteve na noite deste domingo um voto de confiança do Parlamento para seu programa de governo, que confere ênfase às privatizações, às vésperas da reunião da zona do euro, que ocorre nesta segunda-feira em Bruxelas. À frente de um governo de coalizão com os socialistas do Pasok e da esquerda moderada Dimar, Samaras, chefe do partido de direita Nova Democracia, pôde contar com uma maioria cômoda, de 179 dos 300 deputados do parlamento.
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– Vocês seguiram a decisão de três partidos governamentais que querem dar continuidade às reformas e atender às necessidades do país – disse Samaras aos deputados.
A sessão foi realizada faltando poucas horas para a reunião dos ministros de Finanças da zona do euro em Bruxelas, que examinará os problemas da Grécia, além da ajuda a Chipre e aos bancos espanhóis.
– O objetivo do governo é garantir o lugar da Grécia na zona do euro, em resposta aos que querem expulsá-la – disse Samaras no debate parlamentar sobre sua política geral, iniciado nesta sexta-feira.
Vencedor por uma escassa margem nas eleições legislativas de 17 de junho contra seu principal rival, Alexis Tsipras, chefe da esquerda radical de Syriza, o primeiro-ministro tem destacada a necessidade de acelerar as reformas pedidas pelos credores, a União Europeia e o Fundo Monetário Internacional (FMI), e principalmente quanto ao ambicioso programa de privatizações.
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– Estamos determinados a proceder uma série de grandes reformas, e as privatizações serão aceleradas”, disse Samaras, comprometendo-se inclusive a “ir além” da lista prevista no plano da União Europeia e do FMI.
Segundo a lista apresentada no sábado à noite ao parlamento pelo ministro de Finanças, Yannis Stournaras, estão incluídas as empresas públicas de eletricidade, água, correios, além de aeroportos, ferrovias, portos ou pequenos hospitais regionais. O governo está disposto a tomar medidas para atrair os investidores, como por exemplo “dar a possibilidade ao fundo de privatizações do país receber como pagamento bônus estatais gregos”, disse Stournaras.
Criticando abertamente a orientação geral do governo e classificando-a de “anúncio de venda de bens públicos para uma agência imobiliária”, Tsipras acusou Samaras de “saquear os bens públicos” e de ter descumprido o compromisso assumido durante a campanha eleitoral de renegociar o plano.
Contudo, o governo afirmou que privilegiava a reativação econômica sobre a austeridade responsável pela profunda recessão da qual padece o país e que, segundo Samaras, “é duas vezes mais elevada que o previsto pelo programa da União Europeia e do FMI”. Conforme estudo recente, a contração da economia em 2012 será de 6,7% do PIB.
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No sábado à noite, o ministro das Finanças, Yannis Stournaras, afirmou que será necessário um prazo adicional para o ajuste orçamentário das finanças gregas, a fim de poder enfrentar a recessão. A afirmação de Stournaras foi feita durante o debate parlamentar sobre a política geral do novo governo de coalizão. Stournaras reiterou que a Grécia não poderá começar a renegociar com seus credores, o FMI e União Europeia, “sem tomar as medidas descritas no plano de ajuste fiscal”.
– Devemos adotar as medidas incluídas no segundo empréstimo concedido ao país em fevereiro, para não colocar em perigo os pagamentos de empréstimo – advertiu.