Os credores da Grécia, FMI e UE, têm de “se explicar” sobre as “fraquezas” do plano de resgate concedido ao país em 2010 – declarou o governo de Atenas nesta sexta (29), após a publicação da auditoria do organismo de empréstimos de Washington, que revelou irregularidades.

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“O Fundo Monetário Internacional cooperou com os europeus para impor políticas ao nosso país, com o consentimento do governo grego, e me parece que todos eles têm de se explicar”, disse à imprensa a porta-voz do governo, Olga Gerovassili.

Em 2010, o FMI chegou a um acordo com os europeus para conceder à Grécia o maior empréstimo de sua história.

Na quinta-feira, um relatório do Escritório de Avaliação independente (OEI, na sigla em inglês) do FMI declarou que houve irregularidades no processo.

“Sem julgar o mérito da decisão final, as fraquezas no processo de tomada de decisões criaram a ideia de que o FMI tratou a Europa de forma diferente”, apontou o informe.

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O FMI teria criado uma “exceção sistêmica” para dar um resgate de 30 bilhões de euros, que foi seguido por outros dois planos de assistência (2012 e 2015) que nunca conseguiram tirar o país da recessão.

A auditoria se concentra na decisão adotada pelo Fundo em 2010 de modificar uma de suas regras de ouro com o objetivo de recuperar a Grécia: a de não exigir uma redução prévia da dívida do país, apesar das dúvidas surgidas sobre sua “viabilidade”.

“O FMI não foi útil, nem foi necessário na Europa. Nós não o escolhemos”, afirmou Gerovassili, destacando que, de qualquer maneira, o país “respeitará seus compromissos” com seus credores, estipulados no terceiro resgate, o de 2015.

A auditoria publicada em Washington apontou que o processo se afastou do método de consulta habitual do FMI. O documento examina três planos de ajuda do FMI entre 2010 e 2011 (Grécia, Portugal e Irlanda).

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“Não houve qualquer tentativa rigorosa de desenhar um projeto crível para restabelecer a viabilidade da dívida na Grécia”, afirma o OEI, acusando o FMI de não ter aprendido as “lições do passado”.

Apesar de sua oposição inicial às medidas de austeridade impostas à Grécia em contrapartida, o primeiro-ministro grego de esquerda, Alexis Tsipras, viu-se obrigado a firmar um novo empréstimo com UE e FMI, mas reivindicou uma reestruturação da dívida. A tese tem o apoio do FMI, mas divide os europeus.

“Os erros do primeiro empréstimo ainda pesam no país”, avaliou o presidente grego, Prokopis Pavlopoulos.

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