Com o endurecimento das autoridades e da comunidade de São Borja contra o traslado dos restos mortais do ex-presidente João Goulart, o Jango, para análises de DNA e toxicológicas em Brasília, ficou encaminhada a realização de uma audiência pública na cidade com a presença da ministra da Secretaria dos Direitos Humanos, Maria do Rosário.
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No encontro futuro, proposto por representantes do governo federal, o Estado brasileiro daria garantias, com registro nos anais, de que o corpo de Jango irá retornar a São Borja.
Autoridades e cidadãos de São Borja que participaram da reunião na manhã desta quarta-feira, na prefeitura, com membros da Polícia Federal e Comissão Nacional da Verdade, não ficaram totalmente convencidos. Concordaram com a audiência pública, mas mantiveram a exigência de que seja assinado um documento público, com registro em cartório, com o comprometimento do Palácio do Planalto com o retorno dos restos de Jango para o cemitério Jardim da Paz, em São Borja.
– Seria uma garantia jurídica caso a disputa vá para os tribunais – afirmou o advogado e ex-vereador Iberê Teixeira, que foi aplaudido pelos demais.
As reclamações foram várias. Na reunião desta quarta-feira, lideranças e o prefeito Farelo Almeida (PDT) protestaram contra o fato de o município jamais terem sido consultados sobre a exumação.
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Também há preocupação com o longo período necessário para a realização das perícias e com as dificuldades para saber se os exames serão suficientes para apontar alguma substância tóxica que teria sido utilizada para envenenar Jango devido à passagem de 37 anos da morte do ex-presidente. O tempo poderia ter apagado os vestígios, o que tornaria impossível uma conclusão do processo de exumação.
– A autorização para entrar no cemitério é do prefeito. Se precisar, vou me opor – afirmou Farelo.
Neto de Jango, Christopher Goulart chegou a concordar com a assinatura de um documento público para garantir o retorno dos despojos de Jango. Ele garantiu que toda a sua família assinaria o compromisso.
Representante da ministra Maria do Rosário, Giles Gomes se limitou a sugerir a audiência pública, sem entrar no mérito do documento. Diante das cobranças, Giles afirmou ter recebido uma ligação de Rosário, que, em nome da presidente Dilma Rousseff, assegurou o retorno da ossada para Brasília.
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A perícia da Polícia Federal afirmou ser impossível fazer o processo de exumação e análise em Porto Alegre ou São Borja. Foi explicado que é necessário contar com a tecnologia dos laboratório da instituição em Brasília.