O Ministério da Saúde e um grupo de especialistas se reunirão na próxima segunda-feira para discutir um programa para aconselhamento de mulheres que decidiram abortar. A comissão discutirá a produção de uma cartilha com orientações para que o procedimento seja feito com segurança.
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O material deverá conter alertas sobre sintomas que podem sugerir complicações no procedimento, como febre e sangramento. Participam deste grupo médicos, antropólogos, juristas e cientistas sociais.
– A intenção é fecharmos o material de orientação em, no máximo, um mês – afirmou o coordenador do Grupo de Estudos sobre o Aborto da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), Thomaz Gollop.
A rodada de discussão termina no fim do mês, em São Paulo. O formato final do programa será definido pelo ministério. A cartilha conteria, por exemplo, informações para mulher escolher o lugar do procedimento.
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– Recomendações, por exemplo, para ela observar a higiene do local, a pessoa encarregada do procedimento. Em suma, a pessoa deve fugir dos serviços de fundo de quintal – disse Gollop.
O grupo foi convidado pelo Ministério para preparar um programa de redução de danos para aborto, a exemplo do que ocorre no Uruguai e na Cidade do México, para reduzir a morte de mulheres por complicações. No Uruguai, um grupo interdisciplinar faz o aconselhamento.
Uma das opções é a oferta do misoprostol, remédio para tratamento de úlcera que é abortivo. Gollop afirma o grupo não tem ainda um posicionamento sobre esse assunto. No Brasil, o misoprostol é um remédio de uso hospitalar.
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– Embora a prescrição seja bastante segura e tenha reduzido de forma significativa o número de complicações, a realidade do Brasil é outra. Temos várias dúvidas.
Integrante do Movimento Católicas pelo Direito de Decidir, Rosângela Talib, admite a dificuldade:
– Sem mudanças, seria o mesmo que encaminhar a paciente para o primeiro camelô da esquina. Não é um sistema para incentivar o aborto, mas aconselhar a mulher que já tomou sua decisão – afirma Rosângela.
O aconselhamento, ela complementa, é uma reivindicação antiga do movimento feminista. Em nota, a pasta diz manter uma política para orientar profissionais no atendimento de intercorrências clínicas relacionada à gravidez e o processo precisa ser constantemente aprimorado.
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As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.