O ministro do Trabalho, Carlos Lupi, afirmou nesta terça-feira que o governo estuda adotar medidas para que as empresas que tomarem financiamentos com recursos do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) e do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT) dêem contrapartidas sociais, principalmente em relação à manutenção dos empregos. As que não cumprirem essa exigência podem ser vetadas em novos empréstimos.
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Ao comentar os dados divulgados hoje pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que apontou redução de 0,6% em empregos na indústria em novembro de 2008, o ministro ressaltou a importância de as empresas darem garantias de contrapartidas pela utilização de recursos públicos para investimentos.
– Não pode o governo brasileiro investir bilhões, colocar dinheiro público para ajudar as empresas a saírem de dificuldades e elas continuarem demitindo. Ou essas empresas assumem o compromisso de não demitir ou o governo terá que refazer as linhas de financiamento – disse Lupi.
O ministro disse que ainda nesta terça-feira deve se reunir com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva para discutir a adoção de novas medidas para reduzir os efeitos da crise no mercado de trabalho.
– Temos várias sugestões, como a extinção de horas extras, adoções de medidas sociais, isso é fundamental. Já montamos um conselho que vai acompanhar todos os investimentos do FGTS e do FAT para exigir deles a garantia do emprego – afirmou o ministro.
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Lupi disse que a queda do número de empregos já era esperada desde de outubro. Segundo ele, a expectativa é de que a redução dos postos de trabalho persista em janeiro e fevereiro e volte a crescer em março:
– Isso já era previsível, nós vínhamos alertando que essa questão da crise internacional ia ter uma repercussão maior no Brasil no final do ano. Em dezembro já há uma queda grande devido ao fim dos contratos temporários, e já prevíamos que ia aumentar.
O ministro acredita que as medidas anunciadas pelo governo para enfrentar a crise devem surtir efeito a partir de março. As decisões que o governo tomou para diminuir o impacto da falta de crédito, especialmente com a diminuição de alguns impostos, segundo ele, começarão a repercutir em breve.
Lupi ainda cobrou das empresas que, no período de crise, não culpem o trabalhador por uma responsabilidade que não é deles.
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– Na hora da bonança, em que os lucros estavam grandiosos para todos, não chamaram os trabalhadores para dividir os lucros. Na hora em que a economia tem algum tipo de crise, a primeira coisa que alguns empresários fazem, de uma maneira completamente insensível e irracional, é demitir.