O Governo Federal entregou R$ 837 mil para obras de contenção na comunidade da Marquinha, no Maciço do Morro da Cruz, em Florianópolis, na manhã desta sexta-feira. Para a solenidade, que contou com a presença do prefeito em exercício João Amin, duas tendas foram armadas na Rua Waldomiro Monguilhot, com vista para o local exato onde, em dezembro de 2011, uma rocha de 200 toneladas se deslocou da encosta após um temporal e arrastou 6 mil toneladas de terra morro abaixo. Na tragédia, quatro casas ficaram destruídas, 12 interditadas, uma pessoa morreu e 45 ficaram temporariamente desabrigadas.
Continua depois da publicidade
O secretário Nacional de Acessibilidade e Programas Urbanos, Leodegar da Cunha, considerou um tempo recorde a liberação dos recursos em 1,8 ano após o ocorrido e o Ministério da Saúde tem planos para evitar novos desastres.
– Estamos elaborando uma carta geotécnica de vários municípios, entre eles Florianópolis, para controlarmos a expansão das cidades, com um estudo geológico sobre as encostas, Área de Preservação Permanente e inundação. Baseado nesta análise, o município vai poder planejar suas ações e o governo vai poder fiscalizar melhor as ocupações – discursou.
De acordo com o secretário de Habitação, Rafael Hahne, o projeto de engenharia e o recurso ainda devem passar por análise da Caixa Econômica Federal, antes que seja aberto o processo licitatório de tomada de preço, considerando o valor de R$ 837 mil.
Continua depois da publicidade
– Acreditamos que as obras comecem no início de 2014 – afirmou o secretário.
A contenção não é tudo
O presidente da Associação de Moradores da Mariquinha, Marcelo Ferreira, agradeceu às autoridades presentes, o trabalho da Defesa Civil na assistência às famílias e o apoio da Prefeitura de Florianópolis, por meio da Secretaria de Habitação e Saneamento. Filho de Claudete, única vítima no acidente, o representante da comunidade afirma que o trabalho na Mariquinha ainda não está terminado.
– Hoje passa um filme pela cabeça. Naquele 13 de dezembro eu perdi tudo. Hoje podemos comemorar, mas ainda temos muito o que fazer. Ainda tem moradores que perderam a casa e nós precisamos lutar para que eles consigam colocar seus lares de pé novamente _ disse ele, que também integra o Núcleo Comunitário da Defesa Civil (Nudec).
É o caso de Flávia da Silva, 38 anos, que não gostou do que ouviu das autoridades presentes durante a cerimônia. Flávia morava com o marido em uma casa verde que não desabou com o deslizamento, mas foi demolida pela Prefeitura dias depois, para evitar novos deslizamentos.
Continua depois da publicidade
– Eu recebi três meses de aluguel social, mas fui morar em Forquilhinhas, São José, e perdi o direito sobre o benefício. Minha casa foi derrubada, eu tenho como provar e vou buscar os meus direitos – disse.
O secretário de Habitação afirmou que, no momento, não há um projeto que contemple a necessidade de Flávia e das outras 20 famílias que foram retiradas da área por conta do risco.
– Não vamos medir esforços para dar uma solução para estas pessoas, mas no momento, nós não temos recursos direcionados para este fim – disse Hahne.
Continua depois da publicidade
Ainda na manhã de sexta-feira, o vice-prefeito João Amin e o secretário de Habitação entregaram a segunda casa modular no Monte Serrat. O prefeito Cesar Souza Júnior deve retornar ao cargo na segunda-feira.