Em outubro do ano passado, as urnas deram ao governador Raimundo Colombo (PSD) a reeleição em primeiro turno e a maioria das cadeiras da Assembleia Legislativa para candidatos de sua coligação. O novo mandato começaria com 24 dos 40 deputados estaduais integrando a base governista. Passados quase quatro meses da nova gestão, a matemática da governabilidade mostra que esses números não são tão simples de calcular.
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Foi a revogação da polêmica medida provisória que desvinculava os professores temporários da carreira do magistério que acendeu a luz amarela na articulação do Centro Administrativo. Considerada fundamental para conceder reajustes maiores a profissionais com mais tempo de serviço e titulação no futuro plano salarial, a medida foi torpedeada por deputados estaduais da base aliada, especialmente do PMDB, e acabou revogada. O impasse expôs velhas cicatrizes e feridas recentes na relação entre pessedistas e peemedebistas, os sócios majoritários do governismo.
As rusgas vêm do período pré-eleitoral, quando o PSD tentou incluir o PP na coligação governista, tradicional rival do PMDB em disputas pelo governo do Estado. A composição acabou barrada pelos peemedebistas. A polêmica acabou reacendida quando o Raimundo Colombo surpreendeu ao indicar o pepista Silvio Dreveck como líder do governo na Assembleia, posto sempre ocupado por deputados do PMDB no primeiro mandato. Dificuldades na liberação de recursos e na indicação de cargos no governo contribuem para azedar o ambiente.
– O PMDB está sendo governo e sendo tratado como oposição – avalia um parlamentar do partido.
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No Centro Administrativo e no próprio PSD, as dificuldades com a medida provisória dos ACTs são encaradas como um problema pontual. A prova de fogo da base governista seria a votação do novo plano de carreira do magistério e da fusão das agências reguladoras Agesc e Agesc – ensaio da reforma administrativa prometida por Colombo após a reeleição.
– Ainda não teve um projeto de real relevância para o governo testar a base. A MP não era importante. Quando for mesmo importante para o governo, vai passar – diz um deputado pessedista.

Responsável pela articulação política do governo, o secretário Nelson Serpa (PSD), da Casa Civil, minimiza o episódio da MP revogada, mas admite que ainda não é possível quantificar o tamanho da base aliada de Colombo. Para ele, “em tese”, os governistas são os partidos que integraram a coligação, somados a alguns parlamentares de outras siglas que tinham bom relacionamento com a primeira gestão Colombo. Sobre as queixas peemedebistas nos bastidores, Serpa é taxativo.
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– O PMDB faz parte da conjunção de forças que governa o Estado. Seus assuntos internos, eventuais divisões, cabe ao PMDB resolver – afirma.