O governo egípcio reforçou os sinais de que não há espaço para uma solução negociada para a crise política que já deixou mais de 800 mortos desde quarta-feira passada.

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Em sua primeira declaração após o início dos massacres nas ruas do Cairo, o general Abdel Fatah al-Sisi disse, ontem, que o governo está aberto ao diálogo, mas não irá se “dobrar” à violência e ao terrorismo.

Horas depois, o Ministério do Interior confirmou que o saldo trágico aumenta: 36 prisioneiros islâmicos foram mortos asfixiados por gás lacrimogêneo pela polícia quando supostamente tentavam uma fuga em massa. Um comboio policial transportava mais de 600 membros da Irmandade Muçulmana e simpatizantes. Eles estavam sendo transferidos de uma delegacia para o presídio de Abu Zabaal, na periferia da capital, quando, segundo a agência de notícias oficial Mena, “cúmplices” armados atacaram os veículos.

Durante uma reunião com os principais chefes militares e da polícia, Al-Sisi, disse que “há espaço para todos os egípcios”, mas demonstrou determinação em manter a linha atual:

– Quem imagina que a violência vai dobrar o Estado e os egípcios deve revisar sua postura. Não permaneceremos nunca silenciosos ante a destruição do país.

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No sábado, o primeiro-ministro defendeu a dissolução legal da Irmandade Muçulmana. O principal argumento do governo egípcio para dar seguimento ao banho de sangue é tratar os protestos da organização que teve o primeiro líder eleito de forma democrática no país como atos terroristas. A maioria dos grupos liberais tem a mesma opinião, o que acirra a divisão.

ElBaradei vai para a Áustria

Cinco dias após renunciar ao cargo de vice-presidente do Egito, o Prêmio Nobel da Paz Mohamed ElBaradei deixou o país e desembarcou ontem em Viena. Ao chegar à capital austríaca, ele não comentou a demissão e foi escoltado pela polícia. ElBaradei apoiou a intervenção militar que retirou Mursi do poder e foi criticado pela comunidade internacional e por outros grupos políticos por ter integrado o governo e só saído após a violência ficar incontrolável.