O governo do Sudão do Sul difundiu nesta quinta-feira uma lista de 16 reservas sobre o acordo de paz assinado pelo presidente Salva Kiir com os rebeldes para por fim a 20 meses de guerra civil no país.

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Kiir rejeitou alguns pontos do acordo e entregou um documento de 12 páginas aos mediadores para comunicar suas queixas.

Segundo este texto, ao qual a AFP teve acesso nesta quinta-feira, o principal obstáculo diz respeito ao posto de primeiro vice-presidente, criado junto do do atual vice-presidente e atribuído aos rebeldes.

O governo diz que o acordo é “um prêmio para a rebelião” e evoca questões de soberania para rejeitar a desmilitarização de Juba, a capital do novo país, como o acordo impõe.

Kiir assinou o acordo na véspera, já expressando sérias reservas sobre vários pontos do documento.

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O primeiro-ministro etíope, Hailemariam Desalegn, anfitrião em Adis Abeba durante mais de 18 meses de negociações, o presidente queniano Uhuru Kenyatta e seu colega ugandês Yoweri Museveni – cujo exército combate ao lado das forças governamentais -, bem como o vice-presidente sudanês Bakri Hassan Saleh se reuniram para assistir a cerimônia.

“A paz que assinamos hoje contém tantas coisas que devemos rejeitar (…) Ignorar nossas reservas não seria do interesse de uma paz justa e duradoura”, afirmou o chefe de Estado sul-sudanês após assinar o acordo.

Ele também denunciou “disposições nefastas” do acordo antes de assinar o texto diante de vários dirigentes da região, constatou um jornalista da AFP.

A ONU imediatamente deu a Salva Kiir o prazo de até 1º de setembro para suprimir suas reservas em relação ao plano de paz, segundo indicou a presidente do Conselho de Segurança das Nações Unidas, a embaixadora da Nigéria, Joy Ogwu.

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A Casa Branca pediu que se respeite integralmente o acordo de paz e que se comece a reconstruir o país.

Este “Acordo de resolução do conflito no Sudão do Sul” já tinha sido referendado em 17 de agosto em Adis Abeba pelo ex-vice-presidente Riek Machar, líder dos rebeldes que enfrentam as forças governamentais desde dezembro de 2013.

O Sudão do Sul, país mais jovem do mundo, proclamou sua independência de 2011, após várias décadas de conflito com Cartum.

Mas em 2013 voltou a explodir um conflito, desta vez dentro do exército sul-sudanês, minado por uma disputa político-étnica, alimentada pela rivalidade entre Kiir e Machar.

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Segundo os observadores, o conflito no Sudão do Sul deixou dezenas de milhares de mortos, inclusive muitos civis.

Um total de 2,2 milhões de sul-sudaneses fugiu de suas casas pelos combates e suas sequências de massacres étnicos e atrocidades. Mais de 70% dos 12 milhões de habitantes precisam de ajuda para sobreviver, segundo a ONU, que adverte para uma ameaça de fome.

A guerra destruiu parte do aparato de produção petrolífera, única fonte de recursos do país, que figura entre os menos desenvolvidos do mundo.

* AFP