Dois programas que atuavam na despoluição da Baía de Guanabara, palco das provas de vela dos Jogos Olímpicos de 2016, foram suspensos, de acordo com a Secretaria de Estado e Ambiente do Rio de Janeiro. Os projetos EcoBarcos e EcoBarreiras foram considerados ineficientes pelo próprio órgão do governo estadual.
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O EcoBarcos custava em torno de R$ 300 mil por mês e tinha como meta coletar cerca de 45 toneladas por mês. De acordo com a Secretaria, como essa meta não vinha sendo atingida, e o custo do barco não está vinculado à tonelada recolhida, “não é distante estimar um custo de R$ 1 mil a tonelada, um custo extremamente elevado e pouco eficiente”.
– Não há nenhuma inteligência orientando o trajeto dos barcos. Qualquer gestor público responsável, identificando essa situação, para evitar o uso ineficiente dos recursos públicos, faria um freio de arrumação – afirmou o secretário de Estado do Ambiente, Antônio da Hora.
A decisão foi tomada há cerca de 20 dias, e o serviço dos EcoBarcos será reavaliado para que o governo estadual decida pelo fim ou não da suspensão. O secretário reclamou ainda de um suposto privilégio dado ao projeto quando o foco nas EcoBarreiras poderia ser mais inteligente.
– Na verdade, do jeito que estão, os EcoBarcos são para inglês ver. Infelizmente se privilegiou os EcoBarcos, em detrimento à estrutura mais profissionalizada e funcional de EcoBarreiras. É óbvio que evitar a entrada de lixo na Baía de Guanabara é muito mais eficiente do que recolhê-lo ao sabor de correntes e marés – avaliou Antônio da Hora.
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Quanto ao sistema paliativo de EcoBarreiras, a SEA “considerou o mesmo primitivo, com estruturas frágeis que se rompem ou são cortadas facilmente para a passagem de pequenas embarcações. O sistema de manutenção das EcoBarreiras, além de ineficiente, é pouco transparente, e se dá através de um financiamento da ordem de R$ 100 mil, pago pela Associação de Supermercados do Estado do Rio de Janeiro a uma federação de catadores, como uma espécie de contrapartida ao cumprimento da lei 3.369 de 2000, que obriga os supermercados a terem uma política de reutilização de materiais recicláveis.”
A Secretaria informou ainda que pretende aprofundar o debate sobre o acordo. No curto prazo, a SEA determinou, provocada pela federação de catadores, que a Associação de Supermercados regularize os pagamentos.
– Infelizmente o sistema de coleta de lixo no entorno da Baía de Guanabara, atribuição dos municípios, não tem se mostrado eficiente. E é em função disso que o estado, em apoio aos municípios, está fechando um novo projeto de implantação e operação de novas EcoBarreiras, mais robustas, tendo como exemplo outras experiências no mundo. Projeto este que vem sendo concebido em parcerias com a sociedade civil, entre elas com os iatistas Axel e Torben Grael” – adianta o secretário de Estado do Ambiente.
Inicialmente, os organizadores da Rio-2016 se comprometeram a reduzir em 80% os níveis de poluição da Baía de Guanabara até o início do evento. Mas na semana passada, durante visita de membros do Comitê Olímpico Internacional (COI), o governador Luiz Fernando Pezão admitiu que a meta corre o risco de não ser atingida.
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