Mais de 600 empresas estão na mira da Secretaria de Estado da Fazenda a partir desta quarta-feira. Elas são suspeitas de aproveitamento ilegal de créditos de ICMS por emissão de notas fiscais irregulares. A operação batizada de Quebra-Gelo tem como meta recuperar R$ 210 milhões aos cofres do Estado. Os recursos são suficientes para pagar por dois anos a merenda escolar fornecida para os 530 mil alunos da rede estadual.
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Estela Benetti: Fazenda cobra fruade de R$ 210 milhões em notas frias de ICMS
O levantamento é feito a partir do cruzamento de informações cadastrais na base de dados da Fazenda. De acordo com a secretaria, foi identificada a existência de mais de 90 mil documentos fiscais inidôneos emitidos por empresas inabilitadas em outros estados para destinatários catarinenses. As operações suspeitas somam cerca de R$ 2,4 bilhões e envolvem R$ 210 milhões em ICMS destacado, que pode ter sido utilizado como crédito indevido por empresas do Estado para reduzir o montante de imposto a pagar.
— A utilização de documentos fiscais frios para a apropriação de créditos de imposto é prática antiga e reiterada no Brasil e constitui crime contra a ordem tributária com pena de reclusão e multa – afirma Carlos Roberto Molim, diretor de Administração Tributária da Fazenda de Santa Catarina.
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O esquema consiste na abertura de uma empresa de existência fictícia, conhecida popularmente como ¿noteira¿, com uso de interpostas pessoas (¿laranjas¿) para efetuar a ¿venda¿ de notas fiscais ¿frias¿ com o objetivo de gerar créditos indevidos no destinatário. Comparando com o imposto de renda, é semelhante à utilização de recibos falsos de serviços de saúde ou educação com o objetivo de reduzir pagamento para o ¿leão¿.
Um correio eletrônico foi enviado hoje aos contribuintes e seus contabilistas com orientações. Eles terão 30 dias para fazer a regularização espontânea, contando da data da comunicação. Após o prazo, serão notificados. A multa é de 150% sobre o crédito indevido, além de juros SELIC. A ação catarinense tem o apoio do Governo do Estado de São Paulo, que realizou uma operação semelhante em 2012.
Números da operação Quebra-Gelo:
– 600 empresas destinatárias de notas frias
– 90 mil notas frias
– R$ 2,4 bilhões em notas fiscais frias
– R$ 210 milhões sonegados