Santa Catarina vive um momento de atenção para o avanço dos casos de covid-19. O número de pacientes em tratamento com o coronavírus atingiu o patamar mais elevado desde o início da pandemia e várias regiões do Estado voltaram a ver a taxa de ocupação dos leitos de UTI subir. A situação, no entanto, ainda não deve motivar novas medidas contra o coronavírus por parte do governo do Estado.

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Em entrevista à NSC TV nesta quinta (12), o secretário de Estado da Saúde, André Motta Ribeiro, afirmou que a piora no quadro da pandemia “não é surpresa” e que, por enquanto, “não há de se falar em restrições”, mesmo com o próprio mapa de risco do governo do Estado mostrando duas regiões em situação gravíssima e praticamente todo o território catarinense em nível de risco grave.

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Em uma resolução aprovada na semana passada, o Conselho Estadual de Saúde (CES) de Santa Catarina pediu à Secretaria de Estado da Saúde que aumente a transparência em relação ao coronavírus, amplie a testagem da população e, principalmente, intensifique medidas de fiscalização dos protocolos sanitários em vigor. Representante do conselho no Centro de Operações de Emergência em Saúde (COES) montado pelo governo catarinense para enfrentar a pandemia, Ronald Ferreira dos Santos afirma que o Estado não pode colocar toda a responsabilidade nas medidas individuais tomadas pela população:

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— Não dá para colocar a responsabilidade exclusivamente nas medidas individuais. Tem um conjunto importante de atividades econômicas que também tem a responsabilidade de fazer o enfrentamento. E isso depende de determinação das autoridades públicas. A preocupação é fazer cumprir os regramentos que estão aí, mas se o vírus estiver ganhando a batalha, é fundamental tomar outras medidas.

Para o secretário André Motta, as regras para combate ao coronavírus já estão postas e a tarefa agora é fiscalizar e conscientizar a população a cumprir os decretos. O discurso vai na linha do que o Estado tem sido cobrado a fazer nas últimas semanas para que cenas como a Praia do Rosa lotada ou de festas irregulares em casas noturnas não voltem a se repetir.

Além do Conselho Estadual de Saúde, a Federação Catarinense dos Municípios também cobrou do governo do Estado um reforço na fiscalização das regras sanitárias. O apelo da entidade é voltado especialmente às pequenas cidades de SC, onde o efetivo é pequeno e a fiscalização de aglomerações se torna quase inviável.

— As regras estão claras dizendo o que pode, o que não pode, mas não há do Estado uma ação contundente em fazer valer o que ele próprio determina. Não está sendo feita a devida fiscalização, e é o Estado que tem que fazer isso, essa repressão. Hoje as pessoas descumprem as regras e nada acontece, aí descumpre amanhã também e assim a pandemia cresce — aponta o diretor-executivo da Fecam, Dionei Walter da Silva.

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Além da fiscalização, as cobranças ao Estado envolvem também uma divulgação maior das medidas em vigor e da importância do cumprimento das regras, para mostrar que a pandemia ainda não acabou.

— Os municípios estão todos em campanha eleitoral, os prefeitos não podem fazer campanha por causa da lei eleitoral, então cobramos que o Estado faça uma campanha de massa. Esclarecendo a população do risco que ela ainda está correndo, da questão das UTIs, do exemplo da Europa que fechou tudo novamente por uma segunda onda. Deixar claro com campanhas de impacto que o risco ainda está aí — completa Silva.

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