Entra em vigor nesta segunda-feira a anistia concedida pelo governo do presidente Viktor Yanukovitch aos manifestantes detidos durante os protestos iniciados em novembro do ano passado.
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A medida atende a um pedido formulado pela União Europeia por intermédio da chefe da diplomacia, Catherine Ashton, que elogiou as últimas iniciativas dos dois lados para acalmar as tensões no país.
O perdão beneficiará 234 oposicionistas que já deixaram a prisão, mas que ainda respondiam por crimes que podem redundar em até 15 anos de prisão. A lei de anistia foi anunciada horas depois que a oposição abandonou a prefeitura de Kiev e outros prédios públicos, na manhã de ontem. A retirada era uma condição prévia para a concessão do perdão.
A prefeitura da capital ucraniana tinha sido tomada no início de dezembro e transformada em “quartel-general da revolução”. O local tornou-se símbolo do protesto, assim com a Praça Maidan (Independência), no centro de Kiev, desde a guinada pró-russa do governo no final de novembro em detrimento de um acordo de associação com a União Europeia.
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No edifício da prefeitura, onde haviam sido instalados um restaurante e um hospital de campanha, permaneciam até 700 manifestantes que dormiam ou se protegiam do frio. Os oposicionistas ainda ocupam vários imóveis, incluindo a Casa dos Sindicatos, cuja evacuação não foi pedida pelas autoridades. O anúncio de desocupação da prefeitura decepcionou milhares de pessoas reunidas na Maidan pela décima primeira vez desde o começo do movimento de protestos, há quase três meses.
As negociações entre oposição e governo estão neste momento estagnadas. Os dois lados negociam uma reforma constitucional, que reduziria os poderes presidenciais em benefício do governo e do parlamento ou da nomeação de um novo primeiro-ministro.
O líder oposicionista Arseni Yatseniuk anunciou que se reunirá hoje em Berlim com a chanceler Angela Merkel para pedir à Europa ajuda financeira para a Ucrânia e instauração de um regime sem visto para os ucranianos no bloco europeu.
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– Precisamos de ajuda. Não precisamos de palavras, mas sim de atos – insistiu.
O movimento de protesto foi se transformando com a passagem das semanas em uma rejeição categórica ao regime do presidente Yanukovich. Nem a renúncia do governo nem as negociações iniciadas depois dos enfrentamentos, que deixaram quatro mortos e mais de 500 feridos no final de janeiro, resolveram o conflito.