A empresária Gabriela Zapata, ex-namorada do presidente Evo Morales e presa por suposto enriquecimento ilícito, foi acusada nesta sexta-feira pelo ministro da Presidência, Juan Ramón Quintana, de liderar uma “organização criminosa” que em 2009 começou a operar na Argentina, no Brasil, no Paraguai e no Panamá.
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“Trata-se de uma organização criminosa, não é um episódio isolado (…), estamos diante de uma organização criminosa que teve a capacidade de articular pessoas, de utilizar entidades públicas, de planejar os delitos, de chantagear, extorquir e obter vantagens econômicas”, declarou Quintana à imprensa.
Quintana afirmou que outras quatro pessoas, incluindo Cristina Choque, ex-diretora da Unidade de Gestão Social do Ministério da Presidência e amiga de Zapata, também estão envolvidas no caso, que classificou como “o mais escabroso dos últimos anos”.
O grupo teria se beneficiado de negócios com o Estado, disse Quintana sem especificar.
Zapata foi gerente da empresa chinesa CAMC, que fez contratos milionários com o Estado boliviano.
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Quintana foi acusado em março por Zapata de “manipular o caso e mentir para o presidente e os bolivianos”.
Zapata passou a estampar as manchetes em fevereiro, quando afirmou que era mãe de um filho de Morales, ao mesmo tempo em que levantou a suspeita da existência de tráfico de influências por parte do presidente, situação que foi descartada nesta semana por uma investigação do Congresso, de maioria governista.
Na quarta-feira, a justiça emitiu um parecer afirmando a “inexistência física comprovada” do suposto filho.
“Tráfico de influências, mentira. Sobre o filho, mentira. A direita só é especialista em mentiras. A oposição só prejudica a nação”, publicou Morales no Twitter.
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O advogado de Zapata, Eduardo León, afirmou que até 31 de maio vai apresentar provas. “Sugerimos que ela torne público não só isso (do filho), mas também as provas que tem, porque a população está cansada”, e para que o caso não tenha “capítulos infinitos”, disse.
O caso foi revelado pouco antes do referendo de 21 de fevereiro, no qual os bolivianos deveriam decidir se Morales poderia se candidatar a um quarto mandato em 2020.
O presidente, no poder desde 2006, perdeu a consulta – sua primeira derrota nas urnas -, e afirmou que a maneira como a oposição tratou o caso do suposto filho influenciou no resultado.
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