O governo federal deve elevar para R$ 13,5 bilhões o corte no orçamento deste ano para acomodar um reajuste para os servidores federais. As pastas mais atingidas pelo bloqueio de recursos devem ser Educação, Ciência e Tecnologia e Saúde.

Continua depois da publicidade

Receba notícias do DC via Telegram

Os técnicos decidiram fazer um bloqueio preventivo de mais R$ 5,3 bilhões para acomodar os aumentos salariais. Os valores ainda não foram divulgados oficialmente e podem sofrer alterações até o decreto sobre o tema ser publicado no Diário Oficial da União.

O corte maior do que o previsto vem depois que o presidente Jair Bolsonaro (PL) anunciou que, embora haja estudos para privilegiar policiais com aumentos diferenciados, a tendência do governo é conceder um reajuste de 5% para os servidores públicos neste ano.

— Está havendo críticas e ameaça de greve de outros setores, mais variados possíveis. [Então] qual a tendência? É 5% para todo mundo — disse Bolsonaro.

Continua depois da publicidade

No entanto, segundo apurou a reportagem, a reserva preventiva deve contemplar um espaço para eventual reajuste diferenciado para integrantes da Polícia Rodoviária Federal (PRF) e do Departamento Penitenciário Nacional (Depen), carreiras que têm salários menores que a Polícia Federal.

Bolsonaro quer conceder um reajuste maior para as carreiras de segurança para cumprir uma promessa feita ao grupo. A proposta que mais ganhou força é uma reestruturação para equiparar os salários dos agentes da PRF aos da PF, além de um aumento mais significativo ao Depen.

Segundo técnicos do governo, o reajuste linear de 5% aos servidores e a reserva para os membros das corporações de segurança deve somar R$ 6,1 bilhões – número revisado em relação à estimativa inicial de R$ 6,3 bilhões. Como já há uma reserva de R$ 1,7 bilhão prevista no Orçamento, o corte líquido para atender ao funcionalismo deve ser de R$ 4,4 bilhões.

Embora o entendimento dos técnicos seja o de que o governo pode encaminhar os projetos de reajuste sem ter o dinheiro reservado no Orçamento, deixar o novo corte para julho poderia tornar ainda mais difícil a tarefa de remanejar os recursos. Isso porque no meio do ano a execução das despesas dos ministérios já está em fase mais avançada.

Continua depois da publicidade

Houve ainda nova revisão em outras despesas do Orçamento, o que levou a um bloqueio maior.

Educação terá corte de R$ 3,2 bilhões 

O corte não vai poupar o Ministério da Educação, que receberá uma tesourada de R$ 3,2 bilhões. O bloqueio atinge também todos os órgãos ligados à pasta, como institutos e universidades federais.

A pasta de Ciência e Tecnologia também deve ser atingida. A Confederação Nacional da Indústria (CNI) divulgou nota protestando contra o corte de R$ 2,9 bilhões na área, chamando a decisão de equivocada.

A CNI diz ainda que o corte é ilegal por contrariar o previsto na Lei Complementar 177/2021, que proíbe o contingenciamento de recursos do FNDCT (fonte de financiamento à ciência, tecnologia e inovação). “Esse recurso é carimbado e não pode ser bloqueado pelo governo com o pretexto de não ultrapassar o teto de gastos públicos”, afirma a entidade.

Já o Ministério da Saúde deve sofrer uma tesourada de R$ 2,5 bilhões. As reduções recaem sobre verbas discricionárias, que incluem custeio e investimentos.

Continua depois da publicidade

Governo tem até próxima segunda para anunciar cortes

O governo tem até a próxima segunda-feira (30) para publicar o decreto de programação orçamentária, documento que vai oficializar os cortes nos ministérios.

Entre técnicos do governo, a expectativa é de grande pressão ao longo do fim de semana. Até a publicação dos números no Diário Oficial, é esperado que ministros tentem reverter os prejuízos para suas pastas.

O envio dos projetos de lei que oficializam os reajustes também está previsto para a próxima semana.

Para não violar a Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF), o presidente precisa encaminhar as propostas, conseguir sua aprovação no Congresso Nacional e sancioná-las até o início de julho -quando passa a vigorar a proibição legal ao aumento de gasto com pessoal nos últimos 180 dias do mandato.

O corte de R$ 8,2 bilhões foi anunciado na última sexta-feira (20), diante do forte crescimento de despesas obrigatórias, como sentenças judiciais, subsídios agrícolas e benefícios como o abono salarial.

Continua depois da publicidade

As estimativas iniciais dos técnicos previam um corte maior, de até R$ 15 bilhões, justamente para reservar os recursos para o reajuste, como mostrou o jornal Folha de S.Paulo. Mas a decisão política naquele momento foi parcelar o corte e evitar a imposição de uma restrição mais severa aos ministérios neste momento, o que acabou sendo revisto agora.

*Por Idiana Tomazelli e Fábio Pupo, de Brasília, para a Folhapress

Leia também: 

Quanto cada deputado de SC usou do orçamento secreto

Governador de SC avalia impacto de alterações na alíquota do ICMS para SC

Roteiro de Lula em SC não terá eventos na rua