O governo argentino apresentou nesta segunda-feira ao Congresso um orçamento austero e com o equilíbrio fiscal como principal meta, em sintonia com exigências do Fundo Monetário Internacional (FMI) para liberar um novo auxílio financeiro.
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O Orçamento 2019 prevê a redução da inflação estimada em 42% neste ano para 23% no próximo, enquanto aposta em uma retração econômica de -2% neste ano e de -0,5% em 2019.
“Estamos apresentando orçamentos desde 2009 com equilíbrio fiscal primário. A sustentabilidade das finanças públicas é indispensável para ter uma economia ordenada (…). A solvência fiscal também é necessária para reduzir as vulnerabilidades da economia”, disse o ministro das Finanças, Nicolás Dujovne, em sua apresentação.
O ministro indicou que o orçamento de 2019 prevê “uma economia fiscal de 4,9 pontos do PIB entre 2018 e 2020”, o que representa cerca de 25 bilhões de dólares. “Como percentual do PIB, a despesa primária do setor público nacional terá passado de 24% em 2015 para 20% em 2019”, disse ele.
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A Argentina espera obter apoio político para o plano de ajuste, que busca equilibrar as contas públicas após registrar um déficit de 3,9% em 2017.
“Convergir em direção ao equilíbrio fiscal é um objetivo central da política econômica deste governo”, disse Dujovne.
O orçamento foi elaborado com base em uma taxa de câmbio média de 40,10 pesos por dólar, segundo a imprensa local.
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É uma cotação abaixo da desta segunda-feira, quando ele foi cotada a 40,36 pesos.
A Argentina está imersa em uma crise cambial que veio à tona em abril e que não conseguiu apaziguar, apesar de ter concordado em junho um apoio financeiro do FMI de 50 bilhões de dólares em três anos.
Cerca de 15 bilhões já foram pagos, mas essa parcela não foi suficiente para deter a corrida que fez o peso perder metade de seu valor desde janeiro.
A Argentina pediu para o FMI adiantar as demais parcelas para garantir o financiamento de seus compromissos até o fim de 2019.
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O FMI anunciou na segunda-feira que “estão sendo feitos progressos importantes no sentido de fortalecer o plano de política econômica da Argentina respaldado pelo acordo de stand-by”.
O governo não tem maioria própria no Congresso e dependerá de alianças para conseguir a aprovação rápida do orçamento.
“Estamos aguardando o acompanhamento do Congresso, pois será um sinal muito importante”, afirmou o ministro. Na próxima quinta-feira, ele responderá às perguntas dos legisladores.
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“Nós não vamos votar um orçamento ‘express’, vamos analisá-lo completamente”, alertou o deputado Diego Bossio, do peronista PJ Federal, em declarações à imprensa no Parlamento.
Como consequência da corrida cambial, a inflação acelerou e a recessão piorou na Argentina.
O plano econômico do governo enfrenta crescente descontentamento devido à redução do poder de compra dos salários. A principal central sindical do país, a CGT, convocou uma greve nacional no dia 25 deste mês.
* AFP