*Por Patricia Cohen
Linda Petersen se lembra de quando o mercado imobiliário entrou em colapso em 2008 e ela foi obrigada a demitir a maioria das pessoas com quem trabalhava em sua empresa de títulos e financiamento de terras no estado de Washington.
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No fim das contas, havia outra opção: um programa de seguro-desemprego pouco conhecido e raramente utilizado que subsidia os salários dos trabalhadores que são mantidos na folha de pagamento com horas reduzidas em vez de serem demitidos.
“Meu Deus, isso nos salvou, sim”, disse Petersen, diretora financeira da Land Title Co. no Condado de Kitsap. O programa – conhecido como partilha de trabalho – “nos permite manter e reter esses funcionários, de modo que, quando as coisas voltam, ainda os temos, e isso permite que paguem suas contas e fiquem conosco durante os tempos difíceis”.
Pela primeira vez em dez anos, a Land Title Co. aproveitou recentemente o programa de partilha de trabalho do estado – dessa vez para complementar a renda dos funcionários do grupo de risco da Covid-19, impossibilitados de ir ao escritório após o surto de coronavírus.
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“Sou definitivamente uma grande fã”, afirmou Petersen.

Ela não é a única. Os programas de partilha de trabalho são extraordinariamente populares entre economistas, políticos republicanos e democratas, empregadores e trabalhadores – pelo menos aqueles que já ouviram falar deles. O problema é que poucos os conhecem, embora economistas digam que a partilha de trabalho é uma das melhores maneiras de fortalecer o mercado de trabalho durante uma recessão.
Dos cerca de 30 milhões de pessoas nos EUA que recebem seguro-desemprego, apenas 309 mil – um por cento – estão recebendo por meio de um programa de partilha de trabalho.
O Congresso ampliou o apelo do programa durante a pandemia, prometendo, como parte da lei de alívio do coronavírus, que o governo dos EUA pagaria o custo dos estados até o fim do ano, sem um limite, mas quase metade de todos os estados americanos ainda não tem esse programa.
“Não suporto a ideia de que esse seja um ‘segredo muito bem guardado’. É o diamante bruto do sistema de benefícios de desemprego”, disse Suzan LeVine, comissária do Departamento de Segurança do Emprego de Washington, sobre o programa, oficialmente intitulado compensação de curto prazo.
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A partilha de trabalho se destina a salvar empregos e a diminuir a dor e a gravidade das crises econômicas. Mas, embora popular na Alemanha e em outros países industriais avançados, esse tipo de programa tem tido problemas para ganhar força nos Estados Unidos, onde as leis de proteção ao emprego são relativamente fracas e as demissões são uma solução rápida quando as receitas caem. Os estados americanos não são obrigados a oferecer compensação de curto prazo, e muitos optam por não dedicar os recursos – como fundos para tecnologia atualizada – para criar e executar tal programa.

Um dos maiores problemas, segundo Kevin Hassett, ex-presidente do Conselho de Orientação Econômica do presidente Donald Trump e defensor de longa data da abordagem, é que a maioria dos empregadores e trabalhadores simplesmente não sabe disso.
O estado de Washington, que iniciou seu programa em 1983, ampliou consideravelmente a participação desde o início da pandemia. Entre março e agosto do ano passado, 688 empresas participaram; agora 3.560 o fazem. Um em cada nove trabalhadores de Washington que recebem benefício de desemprego estatal está inserido na partilha de trabalho.
Uma crise econômica temporária como a do coronavírus é o tipo de situação para a qual a partilha de trabalho foi projetada, declarou Katharine G. Abraham, economista da Universidade de Maryland que foi membro do Conselho de Orientação Econômica durante o governo Obama.
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“Se você acha que essas empresas não vão desaparecer, demitir as pessoas e fazê-las trabalhar em outro lugar é uma perturbação que não precisa acontecer”, disse Abraham, que pesquisou extensivamente o tema.
Os empregadores preservam suas relações com os trabalhadores e evitam os custos de recontratação e treinamento. Os trabalhadores evitam demissões, mantendo o acesso ao seguro-saúde e a uma renda estável. E eles têm mais chances de se defender dos efeitos colaterais de longo prazo que muitas vezes acompanham demissões, como renda permanentemente reduzida.

Para os estados, que sofreram com o aumento de custos e com a diminuição de receitas fiscais, a partilha de trabalho é como encontrar um bilhete de loteria vencedor escondido em uma gaveta. Muitos deles esgotaram seus fundos de seguro-desemprego – que são financiados por empregadores tributantes – e foram forçados a pedir empréstimos ao governo americano para continuar pagando benefícios.
Jeff Donofrio nunca tinha ouvido falar de partilha de trabalho quando assumiu como diretor do Departamento de Trabalho e Oportunidade Econômica do Michigan. Mas, depois que o Congresso aumentou os incentivos como parte do pacote de ajuda emergencial aprovado em março, ele se tornou um defensor ativo.
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Dessa maneira, o governo dos EUA paga a conta. Em julho, Michigan havia economizado pelo menos US$ 212 milhões em salário-desemprego, informou Donofrio, que ampliou a equipe do programa, reprogramou os computadores do estado e agilizou o processo de inscrição.
Também pode significar custos significativamente menores no futuro para os empregadores, cujas taxas de imposto sobre o seguro-desemprego aumentam quando as demissões aumentam.
“Muitas empresas estão dizendo que isso é bom demais para ser verdade. Parece uma solução para muitos dos nossos problemas”, afirmou ele.
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