Raras vezes se viu uma demonstração tão clara do poder da caneta presidencial. Na quinta-feira, quatro dos principais governadores de oposição estiveram no Palácio do Planalto para agradecer a autorização dada pelo governo federal para que eles possam contratar novos empréstimos. Numa atitude incomum de exposição, a imprensa foi convidada a assistir ao encontro.
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– Grande presidente que trabalha muito pelos paulistas, por todos os Estados e pelo Brasil – louvou o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), que poderá se endividar em mais R$ 7 bilhões.
Não satisfeito, ele ainda apoiou a prorrogação Desvinculação de Receitas da União (DRU) pelo prazo de quatro anos.
– Alagoas está com saudades da senhora – derramou-se o governador do Estado, Teotônio Vilela (PSDB), brindado com um limite extra de R$ 666 milhões.
Ele agradeceu pela “relação parceira, republicana e extremamente respeitosa para com o nosso povo tão sofrido.” O tucano Beto Richa, governador do Paraná, agradeceu pela parceria.
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– Tenho visto que isto se reproduz em todos os Estados, a boa relação com o governo federal. Relação republicana, relação harmoniosa e eu agradeço todos os ministros e em particular à presidenta da República pela cordialidade com que tem nos tratado – disse Richa, que poderá investir mais R$ 1,192 bilhão.
– Não chegaríamos a este momento, se não houvesse a boa vontade, trabalho coletivo e parceiro – disse o mineiro Antonio Anastasia (PSDB), que foi autorizado a contratar R$ 3 bilhões.
Ele fez um agradecimento específico ao ministro da Fazenda, Guido Mantega, e à equipe da Secretaria do Tesouro Nacional. No mesmo diapasão, Dilma ressaltou o trabalho conjunto entre União e Estados em favor dos investimentos e do crescimento econômico.
Ela comentou que a capacidade dos Estados em manter as contas em dia “demonstra que o país consegue investir e manter os princípios da estabilidade”. Para ela, isso é sinal de “grande maturidade institucional”.
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Mantega comentou que os Estados ajudarão a fazer o Produto Interno Bruto (PIB) crescer, com isso arrecadarão mais e assim será estabelecido um ciclo virtuoso. No total, sete Estados foram autorizados na quarta-feira a contratar novos empréstimos no total de R$ 21,3 bilhões. Há duas semanas, outros dez Estados obtiveram o mesmo tratamento, de forma que o total autorizado até agora é de R$ 37 bilhões.
Enquanto os oposicionistas elogiaram e agradeceram, um dos principais aliados de Dilma, o governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, foi a única ausência da festa, mas mesmo assim teve seu limite ampliado em R$ 6 bilhões. Retido no Estado devido a manifestações contra a nova divisão de royalties do petróleo, que está em discussão no Congresso, ele não compareceu, o que foi lamentado por Dilma.
Cabral quer que a presidente vete o texto, se for aprovado como está. Ela resiste. A governadora do Maranhão, Roseana Sarney, foi autorizada a contratar mais R$ 2 bilhões. Ela saiu antes do final da reunião.
Outro aliado, o petista Tarso Genro, do Rio Grande do Sul, disse que a reunião, numa sala pequena e apinhada de jornalistas, era modesta para a importância do ato. Ele poderá contratar mais R$ 1,467 bilhão em dívidas.
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– É modesta, mas R$ 37 bilhões são R$ 37 bilhões – rebateu Dilma.