O governador da Bahia, Rui Costa (PT), exonerou dois secretários estaduais, nesta terça-feira (1º), para que retomem os mandatos de deputado federal e ajudem a barrar a denúncia por corrupção passiva contra o presidente Michel Temer, na votação de quarta-feira (2), no plenário da Câmara dos Deputados.

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Costa destituiu os secretários de Desenvolvimento Urbano, Fernando Torres (PSD), e de Relações Institucionais, Josias Gomes da Silva (PT) — que devem se abster na votação do parecer. Esse posicionamento é favorável a Temer, uma vez que cabe à oposição arranjar os 342 votos para aprovar a abertura de investigação.

Aliados do governador da Bahia afirmam que o afastamento do presidente do cargo, caso a denúncia seja aceita, não interessa a Costa. Se Temer for afastado, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), assumirá o comando do país, fortalecendo o prefeito de Salvador, Antônio Carlos Magalhães Neto (DEM) — o ACM Neto —, que deve disputar o governo da Bahia em 2018 contra o atual governador.

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— Vou abster-me na votação. Não sou a favor nem de Michel Temer nem de Rodrigo Maia. Sou a favor de eleições diretas para presidente — justificou o secretário de Desenvolvimento Urbano da Bahia.

Torres disse não ter nada contra o presidente da Câmara dos Deputados.

— Acho até um bom presidente da Câmara, mas não tem condições de ser presidente da República agora — declarou.

Já o secretário de Relações Institucionais da Bahia diz que ainda não decidiu sobre como votará, mas que também tende a se abster.

— O debate que tem de ser feito é que precisamos de eleições diretas, não eleições indiretas — disse.

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De acordo com Silva, não há como apostar no afastamento ou não de Temer como solução para o Brasil.

— É tirar um golpista para colocar outro — afirmou.

O secretário de Relações Institucionais admitiu que o fator ACM Neto também é levado em consideração.

— Claro que esse aspecto também é ponderado. Se o Rodrigo Maia assume, ele (prefeito de Salvador) vai se fortalecer — disse.

Silva ressaltou que essa não é uma tese só dele.

— É minha, do governador e da maioria dos partidos que apoiam ele no Estado — disse.

Um dos deputados mais próximos de Costa, Afonso Florence (PT-BA) defendeu a tese do governador.

— Ele tem total razão em sua análise. Vai ser muito ruim para Bahia o ACM (Neto) ter uma força maior. A situação não é simples, é complexa — afirmou Florence, que, embora concorde com Costa, disse que votará a favor da denúncia.