Professor da renomada escola europeia de negócios, a Escola de Altos Estudos Comercias (HEC), e da Fundação Dom Cabral, Georges Blanc será uma das estrelas internacionais da Expogestão.

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O pesquisador de estratégia e mudança empresarial é consultor de organizações na Europa, na América Latina, na África e na Ásia, e é com sua vasta experiência que Blanc analisa o desenvolvimento sustentável nas organizações.

Para ele, o controle da sustentabilidade dos fornecedores é de inteira responsabilidade das multinacionais, e diz que suborno e emprego formal são esquecidos nos discursos de sustentabilidade de líderes brasileiros.

A Notícia – O senhor diz que desenvolvimento sustentável vai além da sustentabilidade. Por quê?

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Georges Blanc – O problema é que, muito frequentemente, o conceito de desenvolvimento sustentável é restrito aos três pilares: econômico (criação de valor para o acionista no longo prazo), social (bem-estar dos funcionários) e ambiental (bem-estar das comunidades locais). Obviamente, eles são essenciais. Mas minha visão é a de que devemos criar e proteger valores para todos os públicos de relacionamento da empresa.

Isto inclui os clientes – olhar para os muitos movimentos de proteção dos consumidores – e fornecedores, que são o foco das minhas pesquisas em multinacionais, procurando especificamente off-shore outsourcing (o termo em inglês se refere à migração dos serviços para um fornecedor fora do país. A busca das melhores condições de prestação de serviços, independente da localização).

Estes fornecedores têm condutas sustentáveis, por exemplo, com relação aos direitos humanos, à qualidade de suas condições de trabalho e às matérias-primas utilizadas?

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Minha tese é a de que o controle da sustentabilidade dos fornecedores, incluindo a segunda e terceira classes na cadeia, é de inteira responsabilidade da companhia multinacional.

Outro ponto importante que é muito frequentemente esquecido, particularmente nos discursos de sustentabilidade dos líderes brasileiros, é a questão da ética (suborno, emprego formal, etc…)

AN – Uma recente pesquisa conduzida pelo instituto Ethical Corporation, com sede em Londres, apontou que mais de 90% das companhias que responderam à pesquisa reconhecem o valor da responsabilidade corporativa, mas muitas ainda não entendem o que é necessário para incluí-la em seus negócios. Quais as principais dificuldades para seguir em frente?

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Blanc – A primeira dificuldade é concordar quanto ao exato conteúdo da responsabilidade social corporativa. Existem diferentes índices, como o GRI e KLD, que podem ajudar porque eles oferecem uma lista de objetivos específicos a serem alcançados. Mas a principal dificuldade é a efetiva implementação destes objetivos em cada companhia.

AN – O apelo da sustentabilidade tem sido utilizado indiscriminadamente nas campanhas de marketing. Como identificar o real compromisso com o desenvolvimento sustentável?

Blanc – Existe um real comprometimento com a responsabilidade social corporativa, ou com os três pilares, quando a média gerência, responsável pela operação no dia a dia, é efetivamente envolvida e lida concretamente com estes novos objetivos. A Fundação Dom Cabral está ajudando diferentes companhias nesta direção.

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Mas o desafio é imenso. Tomemos por exemplo o time de uma mina ou de montagem industrial. Como pode tomar uma decisão que, ao mesmo tempo, é consistente e possui orientações contraditórias, como: maximizar o retorno do investimento, minimizar acidentes e otimizar as condições de trabalho e não poluir?

AN – Do ponto de vista de negócio, quais os principais ganhos da responsabilidade corporativa?

Blanc – Minha opinião é a de que responsabilidade social corporativa é o ponto da virada do presente sistema capitalista.

Nestes últimos 30 anos, o capitalismo tem sido mais e mais empurrado pelos conceitos de liberalismo extremo, com ideias como: maximizar o valor para os acionistas e não se importar com o resto, com as bem conhecidas consequências: decisões ilegais da Enron e outros escândalos, acidentes e poluição, condições horríveis de trabalho em países em desenvolvimento.

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Investimentos em responsabilidade social corporativa feitos por algumas companhias são um primeiro passo na direção de procurar a reinvenção do moderno capitalismo, como Joseph Stiglitz ou Jeffrey Sachs sugeriram.

AN – Como o senhor analisa o grau de desenvolvimento sustentável em diferentes regiões no mundo?

Blanc – Países europeus são certamente os mais avançados nesta direção, provavelmente por causa da profundidade da crise estrutural que obriga a pensar mais em progresso qualitativo do que quantitativo.

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Mas, claro, os países mais avançados, com o impulso da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OECD) e vários pensadores – economistas, sociólogos e filósofos – estão mais e mais preocupados.

Curiosamente, estes temas apresentam uma crescente receptividade no Brasil, em oposição, por exemplo, a outros países do BRICS (Brasil, Rússia, Índia e China e a África do Sul).

Serviço

O quê: Expogestão 2013

Quando: 14 a 17 de maio

Onde: Centreventos Cau Hansen, em Joinville (SC)

Mais informações: 0800 735 5500

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