Depois de um processo de restauração minucioso e artesanal, a gôndola Lucille, cartão postal e principal ponto turístico de Nova Veneza, no Sul do Estado, voltou à Praça Humberto Bortoluzzi, nesta terça-feira.

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Lucille é tão especial porque é única no Brasil. Há apenas quatro gôndolas fora de Veneza. Além da brasileira, há uma nos Estados Unidos, uma na Rússia e outra no Canadá.

A embarcação, de 11 metros e 650 quilos, foi levada de volta ao lago artificial da praça com o auxílio de um guincho e de um caminhão. Todo o processo foi acompanhado pelo prefeito Evandro Gava, uma comissão de italianos, que vieram especialmente para a Festa da Gastronomia, e o marceneiro Edson dos Santos Antônio, responsável pela restauração.

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Lucille chegou a Santa Catarina em 2006, aos 13 anos, e foi recebida com muita comemoração. Hoje, aos 21, ela já é parte de Nova Veneza e marca a memória da colonização italiana na região.

Mas o carinho da população de Nova Veneza não foi suficiente para amenizar a ação do tempo, que deixou cicatrizes nas madeiras da embarcação.

Devolver a gôndola à água foi a missão do marceneiro Edson dos Santos Antônio, 48 anos, que traz na família o histórico de trabalho com carpintaria naval. Por mais de dois meses, ele trabalhou incansavelmente para deixar Lucille mais jovem. Ela passou ainda por uma restauração completa em 2009 e por uma parcial em 2012. A embarcação duraria entre 25 e 30 anos, mas Edson se empenha em dar sobrevida ao orgulho de Nova Veneza.

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– Entre os principais problemas estão o clima e a água, que não é salinizada. O que se faz é utilizar produtos que aumentam a resistência da madeira e substituir os pedaços deteriorados por madeiras de qualidade igual ou superior. Para isso, nós utilizamos o cedro, que é macio – explica o marceneiro.

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Restauração de Lucille é um trabalho artesanal e exige dedicação.

Foto: Caio Marcelo/ Agência RBS

Em cada passo, Antônio sabe que não é somente o seu conhecimento técnico que devolverá Lucille à vida. Além disso, o marceneiro recebeu treinamento do restaurador italiano Mario Martinotti, que veio em 2009 ao Brasil especialmente para ensinar como trabalhar com os detalhes de uma gôndola.

É uma verdadeira arte devolver a juventude a uma embarcação com 11 metros de comprimento e que não tem nem uma peça igual à outra. É lixar o casco, arredondar, preencher as frestas para uni-las artesanalmente.

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– As pessoas perguntam: “se está apodrecendo, não é mais fácil jogar essa fora e construir outra?”. Mas não é, eu posso construir e ela não funcionar. A gôndola é fabricada até hoje de forma muito artesanal. Por exemplo, para unir uma peça a outra, é utilizado o calafeto de algodão, processo milenar. É um fio de algodão que preenche a fresta e dá maior flexibilidade à embarcação – conta.

A Festa da Gastronomia de Nova Veneza acontece de 19 a 22 de junho, na Praça Humberto Bortoluzzi. A festa é aberta ao público, oferece variadas opções da comida típica italiana e conta com o desfile dos mascarados no Carnevale di Venezia.

Gôndola Lucille é restaurada para a Festa da Gastronomia de Nova Veneza