Criminosos virtuais têm se aproveitado de tragédias reais e até de campanhas legítimas para cometer golpes na internet. Empresas de segurança observam um crescimento de arrecadações falsas em nome de causas verdadeiras sempre que desastres ganham atenção do público.
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Na semana passada, uma campanha movimentou as redes sociais: um jovem do interior do Mato Grosso precisava arrecadar R$100 mil para uma cirurgia de reconstrução facial. Laudos médicos, orçamentos, reportagens de veículos de comunicação locais e o apoio de um videoblogueiro famoso ajudaram a dar credibilidade à campanha, que levantou o valor em menos de dois dias. Encerrada a arrecadação, um golpista copiou os vídeos do jovem e os republicou na internet, com os dados da sua própria conta corrente.
– Tivemos que agir rapidamente. Descobrimos que o golpista já havia feito isso em seis outras ocasiões. O vídeo falso foi removido e a polícia já está cuidando do caso – explica Felipe Buarque, um dos organizadores da campanha.
O especialista em segurança da Kaspersky Fabio Assolini ressalta que é muito comum o surgimento de aproveitadores em torno de campanhas legítimas:
– A primeira atitude é sempre desconfiar. Antes de fazer uma doação, repassar informações aos amigos ou preencher algum cadastro, é aconselhável ligar para a pessoa ou instituto envolvido. Não se deve clicar no link oferecido, mas sim procurar o endereço correto no buscador.
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Criar uma arrecadação sob falso pretexto é estelionato, segundo Victor Haikal, especialista em direito digital da Patrícia Peck Pinheiro Advogados. A pena vai de um a três anos de reclusão, se não houver agravantes. Mas o especialista alerta que é muito difícil rastrear esse tipo de crime.
– O aconselhável é evitar doações por boleto bancário, porque é mais difícil de rastrear para onde vai o dinheiro. É preferível depositar em conta de pessoa jurídica, que exige uma série de comprovações para ser aberta – avisa Haikal.
Outro tipo de mentira que costuma pegar os usuários pelo lado da solidariedade são as “campanhas de um centavo”. O usuário recebe uma mensagem avisando que se ele curtir ou compartilhar uma foto, uma quantidade em dinheiro será depositada para ajudar na causa, o que não é verdade.
– Isso é o chamado hoax ou boato. A maioria das pessoas que cria isso o faz pelo prazer de ver a história se tornar um mico e ganhar grandes proporções – observa Assolini.
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No entanto, outra possibilidade é que essas mensagens escondam arquivos maliciosos. Nos últimos meses, o Facebook se tornou um alvo destas postagens que parecem inofensivas, mas instalam aplicações para roubar dados ou controlar o perfil do usuário. Não existem mais fontes confiáveis: “nunca clique em links suspeitos, mesmo que eles sejam enviados por seus amigos”, ensina a central de ajuda da rede social.
Dicas para evitar ser iludido:
– Desconfie sempre: na dúvida, não abra e não repasse mensagens. Tenha uma postura cética em relação ao que você lê na internet.
– Verifique as credenciais offline: prefira ligar para a instituição ou empresa que está pedindo o dinheiro. Na maioria das vezes, se há um golpe circulando os atendentes já sabem. Procure referências conhecidas citadas, como hospitais, para saber se a campanha é válida.
– Verifique as credenciais online: digite no Google o título da mensagem e verifique se há alertas de que a história é mentira.
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– Dinheiro grátis não existe: mensagens que dizem que o Facebook ou qualquer empresa pagará se você repassar a informação são falsas. Não acredite em mensagens dizendo que você ganhou um carro, uma casa ou um prêmio milionário. Cuidado com promoções de compras coletivas que parecem boas demais para ser verdade. O site pode ter sido clonado.
– Ao fazer uma doação, evite os boletos bancários e depósitos para pessoa física, mais difíceis de rastrear.
– Quando se sentir prejudicado, procure uma delegacia especializada em crimes virtuais.