Golpista dá calote de R$ 100 mil após alugar imóvel com documentos falsos em SC

Um golpista causou prejuízo de quase R$ 100 mil para uma imobiliária da Grande Florianópolis após conseguir alugar um apartamento mobiliado fazendo uso de documentos falsos. O criminoso conseguiu passar ileso pela análise de crédito da empresa e enganar até o processo de biometria facial para contratar um seguro-fiança. Após firmar a locação, ele furtou todos os móveis e abandonou o local.

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O golpe foi praticado contra a Imobiliária Ibagy, que reconheceu um novo suspeito em tentativa de golpe semelhante, na última quarta-feira (24). Desta vez, o envolvido acabou preso em flagrante. No caso anterior, no entanto, registrado junto à Polícia Civil no último dia 15, o golpista conseguiu escapar.

“Fomos cobrar o camarada, e ele tinha sumido com tudo”

O golpe bem-sucedido contra a imobiliária teve início em junho do ano passado, quando o suspeito submeteu documentos falsos para análise e foi aceito tanto pela imobilária quanto pela seguradora.

Ele assinou então um contrato de locação de um apartamento com custo mensal de R$ 3 mil. Nos três primeiros meses, o golpista quitou o valor. Depois disso, deixou de pagar as prestações.

Acionada pela imobiliária para cobrar o atraso do golpista, que até então parecia um simples inquilino, a seguradora não teve retorno dele e identificou, a partir de cadastros de análise de crédito, que o telefone cedido anteriormente pelo locatário não correspondia a outros contatos vinculados ao nome dele.

Ao ligar para esses novos números, a seguradora descobriu que o nome pertencia a uma outra pessoa, um morador de Garopaba, no Litoral Sul, que não assinou qualquer locação nem conhecia o golpista. Já ciente do uso dos documentos falsos, a imobiliária se deslocou então ao apartamento.

— Fomos ao imóvel cobrar o camarada, e ele tinha sumido com tudo o que poderia carregar. Geladeira, televisão, até lustre, que dá um trabalho maior para ser retirado. Foi um prejuízo de quase R$ 100 mil, considerando que tivemos que ajustar todo o imóvel e indenizar o proprietário, além de arcar com aluguéis e condomínios atrasados — diz Maurício Franz, gerente comercial da Ibagy.

A seguradora teria alegado falsidade ideológica do inquilino e não cobriu os valores. A ocorrência foi registrada junto à Delegacia de Combate a Estelionatos na Grande Florianópolis, que, uma semana depois do boletim, recebeu um novo chamado da imobiliária, agora para pegar um golpista em flagrante.

Golpista se passou por filho de governador, bilionário e jogador do Figueirense

O caso mais recente teve início na terça (23), quando um suspeito de tentar aplicar o mesmo golpe teve um cadastro pré-aprovado pela Ibagy para locar um imóvel de R$ 2,5 mil mensais, em Palhoça.

Após identificar inconsistências na documentação dele, a imobiliária pediu um encontro presencial com o golpista, em uma sede na região continental. No local, o suspeito alegou que tinha apenas uma versão digital da própria identidade, para não precisar apresentar um documento físico, e chegou a pedir, em negociação para diminuir o preço do aluguel, que o proprietário colocasse uma televisão nova no imóvel.

O encontro foi acompanhado por policiais civis à paisana da Delegacia de Combate a Estelionatos, acionados previamente pela imobiliária. No momento em que o golpista deixava o estabelecimento, ele foi interceptado pelos agentes, que questionaram o real nome do suspeito e prenderam ele em flagrante por usar documento falso. A Justiça já converteu a prisão para preventiva.

— Não sabemos se há ligação com o caso anterior da Ibagy. Mas esse mesmo preso já foi detido em 2022, também pela Polícia Civil [em Santa Catarina], praticando crimes semelhantes — afirma o delegado Paulo Hakim, à frente da Delegacia de Combate a Estelionatos na Capital.

Na ocasião anterior, o golpista havia sido preso também por utilizar documentos falsos para locação de imóveis. Ele havia sido pego com identidades em nome de Ronaldo Caiado Ramos Filho, filho já falecido do governador de Goiás, Ronaldo Caiado; do bilionário Pedro de Godoy Bueno, presidente da empresa de saúde Dasa; e de Renan Mota, jogador do Figueirense entre 2017 e 2018.

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