Só em 2022, mais de 4 mil pessoas foram vítimas de golpe nas redes sociais em Santa Catarina. “É um sentimento de tristeza, frustração”, resume uma das pessoas afetadas, que pediu para não ser identificada.

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Neste ano, o número de estelionatos aplicados pelo Instagram e WhatsApp cresceu 139,6%. Entre janeiro e abril de 2022, 4.902 crimes deste tipo foram registrados — 2.856 a mais do que no mesmo período de 2021.

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A vítima que conversou com o Diário Catarinense explicou que viu um anúncio no Instagram de um suposto “robô” que multiplicaria dinheiro em cerca de 10 vezes – com isso, segundo a publicação enganosa, um depósito R$ 550 se transformaria em R$ 5 mil. 

Após repassar o valor, ela precisou gravar um vídeo confirmando o “sucesso” da operação, para, depois, receber o dinheiro multiplicado. No entanto, assim que enviou as imagens, foi bloqueada pelo golpista. A fraude foi feita pela conta hackeada de um amigo. 

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— Não desconfiei em nenhum momento que não era ele [amigo], só depois que comecei a ficar nervosa e percebi que fui bloqueada (…) Era o único dinheiro na conta, mas quem não tá precisando de dinheiro hoje em dia, né? — conta. 

Apenas no Instagram, o crescimento no número de golpes é de 1.366%. De janeiro a abril de 2021, 68 registros foram feitos — número que saltou cresceu para 997 em 2022. 

Pelo WhatAapp, o aumento foi semelhante. Cerca de 3.905 pessoas foram vítimas de algum tipo de golpe realizado através do aplicativo de mensagens neste ano, aumento de 97% em comparação com o mesmo período do ano passado.

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A conta hacekada não foi recuperada pelo amigo da vítima, que contou ao Diário Catarinense que outras pessoas também caíram no golpe e entraram em contato para “tirar satisfação”. 

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— Eu tava mexendo no meu Instagram e daí do nada apareceu uma mensagem para mim dizendo que eu fui sorteado e pediram todos os meus dados, né? Eu informei apenas o meu nome e o meu CEP e com isso ele falou para mim, com perfil falso, passar os dados e com esses dados eles iam fazer a confirmação disso. Enviaram uma mensagem para mim de texto e nessa mensagem era um link, eu cliquei nesse link — explica o homem que teve a conta hackeada.

— Depois disso aí eu comecei a receber mensagem dos meus amigos (…) Se falarem comigo pelo Instagram, ele [golpista] vai responder como se fosse eu e informa que tem essa promoção, e as pessoas acabam caindo nesse golpe— finalizou.

A NSC TV conversou com um golpista, que se colocou à disposição para ensinar a reportagem a participar do esquema. Ele ainda afirmou estar ganhando dinheiro com as enganações. Depois, bloqueou a conta quando a emissora se identificou. 

Crimes cibernéticos

Se a oferta é boa e chega por WhatsApp, e-mail, Instagram, SMS ou qualquer outro canal digital, é preciso desconfiar. A Polícia Civil alerta para os cuidados em relação à internet.

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— As pessoas não se certificam que aquilo é um golpe, o recomendado é não clicar em nada desconhecido para não entrar em situações em que o fraudador vai obter seus dados. Ou, se por algum acaso isso acontecer, não depositar o dinheiro em nenhum momento. Na dúvida, liga para a pessoa para certificar se é ela mesmo — afirma o delegado e diretor da Diretoria Estadual de Investigações Criminais (Deic), Verdi Furnaletto.

Segundo ele, a maioria dos golpistas está dentro de prisões e passa o dia tentando contato com vítimas. A situação já foi confirmada em investigações. 

Entre janeiro e abril deste ano, Santa Catarina registrou 17.631 estelinatos via internet, incluindo redes sociais e sites. No mesmo período de 2021, foram 12.948 casos. Já entre janeiro a dezembro do ano passado, o número de ocorrências chegou a 44.765.

A investigação, de acordo com o delegado, acontece mesmo quando a vítima não perde dinheiro. O crime é investigado como estelionato.

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— Utilizam o dispositivo informático para aplicar o estelionato e usam as redes sociais para fazer o contato com as pessoas, se passar por alguém e fazer com que ela seja enganada e caia no golpe — afirma.

Confira alguns dos crimes cibernéticos mais comuns no Estado

  • Pelo OLX: quando golpistas se passam pela administração do aplicativo e informam estar confirmando código para que o usuário continue a venda do produto no site. Ou então, o golpista consegue o telefone da vítima, copia o anúncio e cria um novo anúncio falso, com o valor mais baixo. 
  • E-mail ou SMS: através de mensagens com links, os golpistas dizem que a vítima ganhou alguma promoção, sorteio, ou encaminham um alerta dizendo que ocorreu uma operação indevida em sua conta.
  • WhatsApp: os golpistas usam uma imagem de perfil da vítima, geralmente retirada das redes sociais, em outro número. Com uma conta falsa, se passam pela vítima e solicitam dinheiro para amigos, familiares e conhecidos.
  • Instagram: os golpistas hackeam a conta de um usuário e vendem, nos stories, produtos ou móveis com preços baixos. Ou então anunciam situações que vão retornar dinheiro rápido, como no caso da vítima citada acima.

Como se proteger

  • Desconfie quando a promoção está “fora do comum”
  • Quando for comprar algo anunciado por um amigo nas redes sociais, procure falar com ele pessoalmente ou por ligação telefônica, não faça a comunicação somente pela internet
  • Ao receber os dados para o depósito, confira se as informações são mesmo da pessoa que está anunciando e, caso não for, não faça a transação. Prefira o pagamento presencial
  • Se receber links desconhecidos por qualquer meio na internet, não clique
  • Procure sempre olhar a url dos sites e ter a certeza de que é o oficial
  • Fique atento a mensagens de conhecidos ou familiares solicitando dinheiro, principalmente em contas com fotos de conhecidos e números diferentes

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