Um falso técnico, que se identifica como Edmar, está utilizando o nome de clubes catarinenses para lesar jogadores desempregados. Na semana passada, dois atletas do Rio de Janeiro foram procurados pelo falso empresário com uma proposta de emprego no Camboriú, clube que disputa a segunda divisão em Santa Catarina.
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Edmar, como se apresentava, cobrava uma taxa de transferência no valor de 900 reais dos jogadores. O valor seria necessário para acelerar o processo de contratação e regularização junto à Federação Catarinense de Futebol, com a ressalva de que o prazo para inscrição estava se encerrando. Os atletas, então, depositavam o dinheiro com a promessa de que receberiam as passagens aéreas e estariam aptos para jogar quando chegassem ao litoral catarinense.
Entretanto, não foi isso que aconteceu. É o que relata um dos atletas lesados, o volante Josemar, de 26 anos, que teve como última passagem o Valeriodoce, de Minas Gerais. “Conheci ele através de um tio do Felipe Linhares que estava interessado na minha contratação, chegando no final da história, onde ele falou do projeto e da proposta, tive até uma leve desconfiança, mas fui em frente e acreditei. Fiz o deposito na sua conta, depois disso ele ficou enrolando na questão da passagem, quando fui mais a fundo descobri que não tinha vinculo nenhum com o clube e que era um golpista”.
Outro que sofreu o mesmo golpe foi o meio-campista Felipe Linhares, de 25 anos, também com a promessa de um contrato até o final do ano com o clube da cidade de Camboriú. “Ele entrou em contato comigo, assistiu o DVD, gostou, e começamos a conversar, mas ele falou que o clube não estava arcando com a transferência, perguntou se eu poderia arcar, e falou que o clube pagaria aos poucos”.
Segundo Renato Cruz, presidente do Camboriú, nenhum Edmar trabalha no clube e ninguém foi autorizado a usar o nome da agremiação para negociar jogadores. “Achei lamentável a situação de mexer com o sonho dos jovens. Me surpreendeu muito até por ter sido um golpe mal feito. Depois que os jogadores fizeram o depósito, entraram em contato com um atleta do clube, que disse a eles que não havia nenhum Edmar no clube, e então eles entenderam que tinham sofrido um golpe”.
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Depois de se passar como treinador do Camboriú, Edmar passou a usar o nome do Guarani de Palhoça, dizendo que estava no comando técnico, como relata o atual treinador do time, Sérgio Ramirez. “Se os jogadores estivessem me contatado por telefone, veriam que não era eu quem estava falando, pois estou há 40 anos no Brasil e ainda mantenho um sotaque espanhol. Mas como era tudo escrito, ele acabou enganando os jovens. Eu tentei contatá-lo pelo telefone, mas me bloqueou.”
Tudo isso começou há mais de um mês em Mafra, no norte de Santa Catarina. O Técnico Edmar Heiler, do Operário de Mafra,clube que também disputa a segundona catarinense, teve seu nome usado pelo falso empresário. “Na verdade ele usou a minha foto no Whatsapp dele, e ficava dizendo que era empresário e seduzia os jogadores e cobrava uma taxa de transferência, um absurdo”, declarou Edmar.
O presidente da Associação dos Clubes de Santa Catarina, Luiz Henrique Ribeiro, ações serão tomadas contra os golpes do falsoempresário. O dirigente alerta que clubes e jogadores devem ter cuidado redobrado. “Nós repudiamos e chamamos atenção aos gestores de futebol por fatos lastimáveis como esse, que infelizmente não acontecem só no futebol. Vamos acompanhar as investigações para apurar os autores do estelionato”.
Todos os envolvidos fizeram boletim de ocorrência em suas localidades. O falso técnico com o codinome “Edmar” foi procurado pela reportagem, mas não respondeu nem por mensagens de texto e nem por ligação telefônica.
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