A oferta chama atenção: a pessoa anuncia um item em uma rede social, um suposto comprador entra em contato e negocia a venda do veículo, que depois é revendido para uma terceira pessoa, alegando que a primeira vítima irá lucrar com o sistema. No entanto, quando os dois alvos vão assinar o contrato, descobrem que caíram em um golpe.
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A prática é conhecida como “Golpe do Falso Intermediador” e tem gerado alertas por parte dos órgãos de segurança em Santa Catarina. Somente em Florianópolis, segundo a Delegacia de Combate ao Estelionato da Capital (DCE), 12 pessoas foram vítimas da prática nos últimos 30 dias — um prejuízo que gira em torno de R$ 40 mil.
Na última sexta-feira (11), uma nova vítima foi identificada. Segundo o delegado Paulo Hakim, ela perdeu cerca de R$ 35 mil.
SC tem em média uma delegacia 24 horas para atender 21 cidades
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O golpe ocorre principalmente em plataformas de venda e compra online. O golpista consegue o telefone da vítima, copia o anúncio feito e cria um novo anúncio, com o valor mais baixo. Depois, ele entra em contato com o autor da primeira publicação, alegando que vai comprar o produto e que pagará uma dívida que possui com algum cliente, como sócio ou irmão. Para isso, ele pede silêncio no momento de apresentar o objeto a outra pessoa, prometendo lucro nesta negociação.
A vítima interessada no produto também é orientada a ficar em silêncio e, por conta disso, ganhará um desconto. Com o enredo pronto, o suspeito fornece uma conta para que o terceiro receba o pagamento. Depois, ele combina de assinar um recibo em cartório com as vítimas. É nesse momento que elas descobrem o golpe.
— É um tipo de golpe bem comum, geralmente praticado por quadrilhas sediadas no Mato Grosso. Na região de Cuiabá e de Várzea Grande, por exemplo, tem uma certa expertise neste tipo de crime — explica o delegado Paulo Hakim.
Em 2021, por exemplo, uma operação da Polícia Civil de Santa Catarina prendeu sete pessoas por suposto envolvimento no crime. Porém, Hakim destaca a complexidade desses casos, já que as investigações podem durar meses devido a necessidade de quebra de sigilo bancário e telefônico.
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O delegado pontua que, para evitar cair nesse tipo de golpe, é importante que a pessoa faça perguntas específicas sobre o produto, além de pesquisar a reputação do vendedor nas plataformas. Outro ponto é evitar pagar adiantado o valor das negociações.
— Uma dica fundamental é assegurar que qualquer transferência de dinheiro seja feita somente para a conta da pessoa com quem você está se encontrando pessoalmente para efetuar a transação — salienta.
Confira dicas de como se prevenir:
- Mantenha sempre um diálogo aberto com o vendedor/comprador;
- Faça questão de ver o bem pessoalmente;
- Busque outras formas de confirmar que realmente a pessoa que esta vendendo é a mesma que esta sendo feita a negociação;
- Confirme se a conta informada pertence ao vendedor, ou algum familiar próximo (filho, esposa, pai, mãe, etc.);
- Quando disponível, utilize os meios de pagamentos oferecidos pelas plataformas de venda.
SC lidera número de estelionatos virtual
Dados do Anuário Brasileiro de Segurança Pública 2022 apontam que Santa Catarina é líder nos casos de golpe de estelionato por meio virtual. Só no ano passado, 64 mil denúncias foram registradas — em média, 176 casos por dia.
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Conforme os dados, houve um crescimento de 49,42% entre 2021 e 2022. Enquanto no primeiro ano foram 42.976, no último registro as denúncias saltaram para 64.230.
Além disso, o Estado catarinense teve quase o dobro do número de casos registrado em Minas Gerais, que aparece na segunda posição do ranking com 35.749 denúncias no ano passado. Em seguida vêm Distrito Federal, com 15.580, e Espírito Santo, com 15.277. Seis estados, no entanto, não forneceram dados em relação ao crime.
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