* Por Kiria Meurer

Saímos de Florianópolis em busca do espírito andaluz. Mas rotas, mapas e muita pesquisa não são suficientes para indicar o caminho. É preciso desafiar os próprios sentidos, despir-se de velhas ideias e contemplar as diferenças para captar a alma de um povo. Só quando você se aproxima da alma é capaz de contar uma boa história. E que história, hein ? Nos aventuramos por uma Andaluzia árabe de sangue verde esmeralda. Uma terra de conquistas, palco da ascensão e queda de grandes civilizações, berço das maiores tradições da Espanha.

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Sim, foi na Andaluzia que nasceram o flamenco e as touradas modernas, mas nossa viagem vai muito além.

Lá nas aldeias branquinhas que repousam no alto das colinas, abraçam penhascos cinematográficos e se equilibram à beira de precipícios, nós conhecemos o melhor dessa terra, o povo andaluz . Você precisa seguir a Rota dos Pueblos Blancos para se encantar com uma gente acolhedora, que faz questão de abrir as portas de casa. Nestas antigas aldeias árabes a alegria mora na simplicidade e luxo é poder compartilhar.

— Não temos muito dinheiro, mas oferecemos o que tem na geladeira.

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A conversa é regada a tapas e jerez, o vinho produzido na Espanha há mais de mil anos.

— A gente trabalha, mas sabe viver a vida, se não souber viver de que adianta estar neste mundo ? — me conta o seu Antônio, que faz tudo sem pressa.

Viver bem, para este povo, é encontrar tempo para a família e para os amigos. Uma pena a correria das gravações. Dá vontade de passar o dia ouvindo histórias.

Seu Antônio vive na incrível aldeia que cresceu debaixo das rochas. Lá você constrói uma casa erguendo uma única parede. Saí encantada de Setenil de Las Bodegas para me apaixonar logo depois. A rainha dos Pueblos Blancos é uma das cidades mais cinematográficas do mundo. Musa de artistas e poetas ela desafia a força da gravidade. Se você costuma ver novela, pode nem saber, mas conhece o cartão-postal de Ronda.

E pensa que a gente consegue fazer um Globo Repórter sem aventura ? Nesta viagem testamos os nervos na trilha que já foi considerada a mais perigosa do mundo. O Caminito del Rey. Oito quilômetros de passarelas penduradas num desfiladeiro de arrepiar. O cenário rouba o fôlego, mas apesar do coração acelerado, até que eu encarei a altura numa boa. Já a nossa produtora, Elaine Simiano, descobriu que tanta beleza pode dar vertigem.

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A Andaluzia também é a terra do ouro líquido. Esta região produz 20% do azeite de oliva consumido no mundo. E para falar dos benefícios deste tesouro eu conheci um SPA de azeite. Fiz massagem com azeite de oliva. Ele é um poderoso aliado da medicina natural, seu poder anti-inflamatório combate até celulite. Como alimento também faz um bem danado. Nunca imaginei que o azeite de oliva ajudasse a prevenir doenças como Alzheimer e depressão. Pela primeira vez os cientistas revelam quanto você deve consumir por dia para ter mais saúde. Vai perder ?

E que tal conhecer os campos de oliveiras de bicicleta ? Eu simplesmente amei! Atravessei parte da Via Verde do Azeite e cruzei com a Rota dos Castelos. Durante séculos muçulmanos e cristãos disputaram a Andaluzia e construíram fortalezas majestosas que atravessam o tempo imponentes. Neste cantinho pouco explorado da Andaluzia, você pedala praticamente sozinho. Confesso que por alguns momentos até esqueci que estava trabalhando. É uma daquelas trilhas fascinantes que te faz lembrar o que a vida tem de melhor.

Também nos aventuramos pela Andaluzia árida. Uma floresta de pedras que nasceu no fundo do mar há milhões de anos. Um lugar conhecido como palácio do vento, o reino das formas fantásticas. Lá você descobre que realmente não importa o caminho, nesta terra mágica a gente sempre encontra um lugar de paz.

Ah, e você deve estar curioso para saber se encontramos o tal espírito andaluz, não? Bem, espero que você mesmo responda depois de ver esse programa feito com tanto carinho.

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Equipe:

Repórter: Kíria Meurer

Produção: Ana Beatriz Azevedo e Elaine Simiano

Repórteres cinematográficos: Jean Carlos e Marcos Schmitt

Direção: Margarida Santi

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