A produção de séries e novelas na Globo inaugura nova etapa a partir da próxima terça (1º), com a chegada de José Luiz Villamarim ao comando da área, na vaga que coube a Silvio de Abreu nos últimos sete anos. A mudança encabeça a primeira grande reforma no entretenimento da emissora uma semana após o anúncio da troca de chefia na área de entretenimento, onde Ricardo Waddington substituirá Carlos Henrique Schroder, que deixa a Globo em março.
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Sai o experiente autor de novelas e entra o diretor que não acumula tantos folhetins no currículo, mas assina algumas das mais bem sucedidas séries da Globo nos últimos anos, como Justiça e Onde Nascem os Fortes. Villamarim também mostrou ter passado com louvor pela prova de fogo de assinar a direção artística de uma novela das nove, no caso, Amor de Mãe, em meio ao mais imprevisível dos cenários: interrompida pela pandemia, a trama teve suas gravações encerradas há uma semana e voltará ao ar em março de 2021.
A chegada de Villamarim é uma questão de critério de afinidade com o novo chefe, Waddington, a quem já foi subordinado em algumas novelas, incluindo Avenida Brasil, maior fenômeno da década na emissora. Mas é também a escolha por alguém mais próximo ao perfil de uma empresa interessada em expandir seu leque de público para além da telenovela e da TV aberta. Focada na expansão do GloboPlay, a Globo trata a Netflix como grande concorrente.
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Há 43 anos na Globo e autor de sucessos como Guerra dos Sexos, Rainha da Sucata e A Próxima Vítima, entre outras, Abreu deixará a emissora em março, quando vence seu contrato. A amigos, disse que não pretende se aposentar e quer se reinventar. Em nota distribuída pela emissora, Abreu fez questão de lembrar que renovou o time de roteiristas da Globo, grupo que se reciclou a passos muito lentos até a sua chegada ao comando da área. E enalteceu a importância da novela como gênero, o que só reforça a percepção de que sua saída seria efeito da redução do valor da telenovela, em detrimento da ampliação da importância dedicada às séries.
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A última novela que escreveu como autor foi um remake de Guerra dos Sexos, em 2012, pouco antes de virar executivo. Do seleto time de dramaturgos veteranos de novelas ao qual pertenceu, apenas Manoel Carlos e Gilberto Braga continuam na Globo, sob contrato. Walter Negrão e Benedito Ruy Barbosa se aposentaram. Aguinaldo Silva deixou a empresa no início do ano. Os demais contratados entraram no rodízio de novelas após os anos 1990.
A reforma anunciada nesta sexta (27) inclui ainda a saída da emissora de Monica Albuquerque, importante executiva que atuava junto a Abreu e Schroder como chefe do Desenvolvimento de Acompanhamento Artístico (DAA). O setor, que atendia a roteiristas e atores, será dividido em dois núcleos: a Criação de Conteúdo, que ficará a cargo de Edna Palatnik, e a Gestão de Talentos Artísticos, coordenada por Adelia Croce, que atenderá às demandas dos atores.