Na condição de presidente da federação das indústrias do Estado (Fiesc), Glauco José Côrte, 73 anos, se acostumou a ser procurado para comentar sobre balança comercial, ajustes fiscais, nível de emprego e outras pautas da agenda econômica. Mas não perde uma oportunidade de falar do tema que persegue com obstinação.

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Sua gestão tem sido marcada pelo movimento Santa Catarina pela Educação, criado para envolver iniciativa privada e poder público em torno de um desafio: que todo trabalhador tenha no mínimo escolaridade básica completa até 2024.

— Agora mesmo eu estava recebendo um grupo de alunos da Escola Sesi de Brusque que ficou em 18o lugar entre 106 concorrentes no torneio internacional de robótica First Lego League, nos Estados Unidos. Foi a melhor colocação entre as quatro equipes brasileiras na competição, no final de abril — diz, enquanto se acomoda na sala de reuniões contígua ao seu amplo gabinete na entidade, em Florianópolis.

Pela vontade dos pais – um inspetor escolar e uma funcionária da administração em uma escola –, em vez de terno e gravata Glauco vestiria farda. Eles queriam que o filho seguisse carreira militar como o avô, o tenente-coronel Januário Assis Côrte. Aos 17 anos, o rapaz deixou Indaial rumo à Capital. Seu quartel seria o curso de Direito, concluído sem sobressaltos entre soirées no Paineiras (o ¿clube dos solteiros¿) e sessões no Cine São José. Montar uma banca, porém, não estava nos planos.

— Nunca quis ser advogado de fórum. Me interessava mais pela teoria do Direito, formação do Estado, organização econômica — admite.

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O colega de faculdade Fernando Marcondes de Mattos percebeu essa inclinação e o convidou para ajudá-lo em uma pesquisa sobre o mercado de erva-mate. Nascia aí uma amizade que resultou em uma proposta para ser diretor financeiro da Sotelca (hoje Complexo Termelétrico Jorge Lacerda, em Capivari de Baixo) e em sociedade na indústria de plásticos Inplac. A relação perdura desde então na forma de admiração mútua. Da Sotelca, Glauco foi com a mulher Silvia para o Rio de Janeiro, onde trabalhou na Eletrosul (1969 a 1976) e na Companhia Siderúrgica Nacional (1983 a 1985).

O casal retornou definitivamente para Florianópolis quando Glauco entrou na Portobello, em 1985. Ele ficou até 2011 no dia a dia do grupo, do qual hoje faz parte dos conselhos de administração da fábrica de cerâmica, da Multilog e Pedra Branca. Durante esse período, continuou investindo na formação, com especializações em São Paulo, nos Estados Unidos e na Suíça. No ano seguinte, depois de passar quatro gestões na Câmara de Assuntos Tributários e duas na vice-presidência, assumiu o comando da Fiesc.

— Estar nesse posto representa o coroamento de uma vida profissional sempre dedicada à indústria de Santa Catarina.

O que não significa o fim. Ao término do segundo mandato, em 2017, Glauco terá mais tempo para curtir os cinco netos que os três filhos lhe deram. Para se dedicar às Equipes de Nossa Senhora, movimento de espiritualidade conjugal que participa com a esposa. Para acompanhar o Flamengo, paixão herdada do pai e alimentada pelos jogos que assistia no Maracanã durante a estada no Rio. E, como não, para completar 74 anos exercendo sua vocação:

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— Penso em realizar alguma atividade voluntária ou ocupar algum cargo público ligado à educação e ao desenvolvimento — vislumbra, certo de que ainda haverá muito a ser feito.