A despedida do senador Luiz Henrique da Silveira (PMDB) conseguiu reunir um pouco de tudo o que o político catarinense mais gostava. A família, os amigos, o poder, o balé Bolshoi, o povo de Joinville e muita, mas muita conversa sobre política. Em todas as rodas do velório do peemedebista, realizado entre a noite de domingo e a tarde de segunda-feira, o que mais se perguntava e o que menos se respondia era uma só questão:

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– E agora?

Era consenso entre colegas de PMDB, aliados de outros partidos e até mesmo os adversários que compareceram à cerimônia que um ciclo da política catarinense se encerrava naquele momento. Outra quase unanimidade foi ressaltada pela presidente Dilma Rousseff (PT) em seu discurso: um político com o perfil de Luiz Henrique fará falta no contexto político do Estado e do país.

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A confirmação da presença da presidente no velório aconteceu no final da manhã e deu novo tom à cerimônia, que já contava com a presença do governador Raimundo Colombo (PSD). Em um primeiro momento, houve apreensão de que a presença da petista motivasse vaias ou panelaços, como em recentes eventos públicos com a presença da presidente. Ao contrário, Dilma foi aplaudida na entrada e teve o discurso interrompido por novos aplausos por três vezes durante sua homenagem ao político catarinense. Cerca de 1,8 mil pessoas acompanhavam a despedida no Centreventos Cau Hansen.

– Um país se faz com pessoas da estatura de Luiz Henrique, um homem que honrou seu Estado, sua comunidade e seu país – afirmou ela.

A presença de Dilma simbolizou a maior qualidade política do peemedebista: reunir adversários. Pouco antes da chegada da presidente, o senador José Serra (PSDB-SP), oponente da petista nas eleições de 2010, fez uma rápida passagem pelo Centreventos Cau Hansen. Outros senadores e ministros acompanharam a comitiva de Dilma e Renan Calheiros (PMDB-AL) – que derrotou Luiz Henrique em fevereiro na disputa pela presidência do Senado.

Os nomes nacionais deram peso à despedida e ressaltaram o prestígio do senador catarinense, mas foram os políticos locais os responsáveis pelo tom do impacto da perda. Muitos dos presentes duvidavam que na ausência de Luiz Henrique – conciliador em alguns momentos, firme em outros – perdure a aliança entre PMDB e PSD que sustenta o governo Colombo. Um dos termos mais ouvidos, especialmente verbalizado por pessedistas, era “fim de ciclo”. Entre peemedebistas, falava-se em busca de unidade e em outros perfis de liderança. Visivelmente emocionado, o deputado estadual Valdir Cobalchini (PMDB), presidente em exercício da sigla, não saía de perto do caixão.

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– Ele é insubstituível. Só a unidade de todos os peemedebistas pode preencher este espaço – afirmou.

– O PMDB tem outras lideranças que podem comandar o partido, mas nenhuma no modelo de Luiz Henrique, que controlava todos os detalhes – avaliava o ex-governador Paulo Afonso Vieira.

Também abalado, Colombo lamentava a perda de um conselheiro, a quem chamou de “amigo, irmão, às vezes um pai”. Emocionou-se durante o discurso que leu – fugindo do habitual improviso. Falando em nome do PMDB, o vice-governador Eduardo Pinho Moreira prometeu conduzir o legado do senador. Colombo e Moreira pouco interagiram. A reaproximação de ambos, abalada desde que o peemedebista tornou públicas as queixas de falta de voz no governo estadual, era a última articulação política de Luiz Henrique, ainda inacabada. Curiosamente, governador e vice acabaram conversando através de seus discursos, em discretas citações.

– No sábado, o Luiz Henrique me convocou, Raimundo, para uma conversa em Itapema. Ele queria falar sobre o futuro de Santa Catarina – disse Pinho Moreira.

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– Existe uma tristeza por toda Santa Catarina, como ele (LHS) gostava de falar, Eduardo. Hoje toda Santa Catarina está em lágrimas – afirmou Colombo.

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