Gilmar Rinaldi, 55 anos, estava no Mineirão com os dois filhos durante o 7 a 1 da Alemanha sobre o Brasil. Nove dias depois, foi anunciado como coordenador de Seleções da CBF. Assustou-se de início com a empreitada, embora assumisse ao lado do amigo Dunga, com quem conviveu desde 1974 no Beira-Rio.
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A função anterior de agente de jogadores, ele garante que de pronto abandonou e, dois meses e meio depois, ainda toma pé da estrutura em 14 horas diárias de envolvimento. Foi em meio a uma reunião e outra que ele falou com Zero Hora, da sede da CBF, no Rio, para onde se mudou depois de anos em São Paulo.
Se já não visitava a mãe em Erechim, a cidade natal, agora terá menos chance. De tão atribulado, nem toca em questões como o calendário. Criticado pela antiga função de agente de jogadores, ele argumenta: “Tenho visão de todos os lados do futebol”.
Passado como agente
“Essa minha função se encerrou e pronto, fiz o comunicado à Fifa, há muito nem se fala nisso. Quem me conhece sabe que não tenho nada a esconder. O que fizeram é vasculhar toda a minha vida, cada detalhe. Eu poderia até me candidatar a Papa”.
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Sem curso de gestão
“Se querem saber se fiz curso de gestor, não fiz. Mas vou contar o que ninguém sabe: na época de jogador do Inter, eu cursei três faculdades e não consegui concluir nenhuma. Fiz Administração de Empresas… não lembro a faculdade; Direito na Ritter dos Reis e Educação Física no IPA. Como a gente viajava muito e estava sempre ocupado na época das provas, não conseguia fazer os exames e acabei desistindo. Acontece que sempre fui um consultor para assuntos de contratos dos colegas”.
Acima de Dunga na hierarquia
“Primeiro, preciso entender bem como funciona a estrutura de seleções. Tenho pessoas especializadas ao meu lado, de planejamento, jurídico e marketing e eu coordeno as diretrizes gerais. Mas, na hierarquia, há o presidente (da CBF), o vice e eu. Minha abrangência é em todas as seleções, as de base e a feminina, inclusive. Hoje eu procuro opiniões de pessoas que tenho como referência. Como joguei por 21 anos (1978/85 no Inter; 85/91, no São Paulo; 91/94, no Flamengo; 95/99, no Cerezo Osaka) mais um ano e quatro meses como gestor no Flamengo (em 99 e 2000) e depois como agente de jogador desde 2000, tenho uma visão de todos os lados do futebol”.
Função na CBF
“Não posso falar sobre a estrutura do futebol brasileiro, problemas de calendário e outros. No futuro, até posso vir a tratar disso, mas hoje sou coordenador geral de seleções, é a minha preocupação mais urgente. Mas vai haver a hora de participar mais.”
Política de convocações
“Os clubes não pedem dispensa de convocações. O que eles desejam é escolher os jogos para ceder os atletas, mas aí não é possível. Temos de usar o mesmo critério para todos. Ou convoca em todos ou em nenhum. Agora, com a convocação de dois jogadores do Cruzeiro e dois do Corinthians, os dois clubes me ligaram: expliquei, não tem problema em atender a solicitações, conquanto que as regras sejam iguais para todos. Falei com o técnico do Cruzeiro sobre nossa intenção de convocar dois jogadores da seleção sub-20, e ele disse que tinha uma dificuldade, e eu falei não tem problema: já determinei ao Gallo que não convocasse os do Cruzeiro.”
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Goleiro do Grêmio
“Convocação é a área do Dunga. Portanto o assunto do Marcelo (Grohe) e de outros é do técnico ou do Taffarel (treinador de goleiros), não posso falar nada. Mas garanto que os jogadores que foram convocados é que vão determinar se eles irão até a Copa ou não. Conheço o Dunga desde 1974, quando cheguei ao Inter. Temos relação de amizade e profissional muito próximas e procuramos afinar os pensamentos”.
Corte de Maicon
“Tratamos o caso do Maicon como faria uma empresa privada. Se algum funcionário por algum motivo disciplinar é substituído, você não vai explicar que trocou o fulano porque fez isso ou aquilo. Não vamos expor a pessoa. Eu tenho de tratar com a maior seriedade possível, como fizemos com o Maicon. Não posso jogar o atleta aos leões. Mas cabe à imprensa investigar”.