O ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), relativizou o fato de a Operação Lava-Jato ter derrubado dois ministros em menos de 20 dias de governo do presidente interino Michel Temer.
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Segundo Gilmar, Temer teve de formar o seu ministério “numa situação de emergência” e, por isso, não há “surpresa” que situações como essa aconteçam.
— É um governo provisório, que faz experimento e que teve que compor numa situação de emergência. Então não é surpresa que haja esse tipo de situação. Depois também essa questão da Lava-Jato tem tido uma repercussão enorme e ampla irradiação no sistema político. Então, a mim parece que isso é um pouco inevitável — disse.
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Ele afirmou, no entanto, que essas baixas não devem reverter o impeachment da presidente afastada Dilma Rousseff no Senado.
— Não necessariamente. Não vejo essa repercussão. Agora, isso mostra quão difícil é governar, é ter estabilidade, especialmente num quadro dessa dificuldade — disse.
O ministro do STF defendeu que, diante da perspectiva de que o afastamento de Dilma ainda pode ser revisto pelos parlamentares, o governo do presidente Temer tem de fazer reformas e conquistar o apoio da Câmara e do Senado.
— Em suma, tem que, em geral, operar na lógica da segunda melhor opção. Nunca a melhor opção: “Ah, quero fazer um governo de notáveis ou coisa do tipo”, tem que conversar com os russos, né? — afirmou.
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Sempre crítico aos governos petistas, Gilmar tem adotado um tom mais moderado ao falar de Temer na presidência. No fim de semana, ele esteve com o presidente em exercício no Palácio do Jaburu. Oficialmente, a conversa tratou da liberação de verbas para a realização das eleições municipais deste ano, uma vez que Gilmar assumiu a presidência do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) recentemente. O ministro afirmou que os dois não chegaram a conversar sobre a Lava-Jato.
Em menos de 20 dias de governo, Temer perdeu dois ministros após a divulgação de conversas gravadas pelo ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado, delator da Lava-Jato. O primeiro, na semana passada, foi o senador Romero Jucá, que deixou o Ministério do Planejamento. Nessa segunda, foi a vez o ministro da Transparência, Fiscalização e Controle, Fabiano Silveira, pedir demissão.