O ministro da Cultura, Gilberto Gil, em visita à São Paulo Fashion Week, na noite de sábado, comentou sobre o pequeno número de modelos negras na passarela.

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– É pequeno, como é pequeno o número de negros nos quadros das universidades, no mundo político. Isso acontece por força da escravidão, como o assinalaram Joaquim Nabuco e Caetano Veloso. Vivemos numa segunda abolição, que ainda não se deu plenamente – disse o ministro.

Ele também se disse favorável ao manifesto da estilista inglesa Vivienne Westwood, 67 anos, participante da SPFW, contra o consumismo desenfreado.

– A ameaça ecológica vem de um produtivismo exagerado – concordou.

O ministro defendeu a liberação das leis de incentivo à cultura para a indústria da moda, assim como falou na necessidade da criação de um fundo especial para fomentar e incentivar os designers do setor. Ele falou sobre o avanço da moda no país, e de como esse avanço já tem um reconhecimento do Estado brasileiro.

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Gil, falando de sua própria relação pessoal com a moda, confessou-se um homem vaidoso, profundamente ligado ao mundo fashion.

– Eu adoro. Eu sou vaidoso. A elegância é uma diversão que sempre permeou minha vida desde a infância. Ser elegante não é exclusividade de um grupo, de uma classe social. Um índio pode ser extremamente elegante. Como elegantes são os negros da Bahia, do Ilê Aiyê, dos Filhos de Gandhy – afirmou Gil.

Em seguida, armou uma pequena arapuca para os repórteres que o entrevistavam.

– Essa semana, em Salvador, eu usei durante o show uma calça do dia a dia dos meninos do candomblé, a calça que uso no terreiro de Opô Afonjá, em Salvador. Minha moda vai disso até um terno Prada como esse aqui – afirmou, mostrando o paletó na cadeira.

A platéia fez um “uuuhhhhhhh” sonoro, de regozijo. Mas ele zombou da reação.

– Vocês fazem uuuhhh porque essa ainda é uma marca colonizada de nossa reação à moda. Um terno Prada não é mais elegante que um turbante do Ilê Ayê ou dos Filhos de Gandhy.

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