Os acionistas da Peugeot e da Fiat Chrysler validaram na última semana a fusão dos grupos, um casamento franco-ítalo-americano concebido para atingir um tamanho crítico em um mercado automobilístico em plena revolução. A união dos grupos francês PSA e ítalo-americano FCA criará a Stellantis, quarta maior empresa mundial em número de veículos vendidos e a terceira em volume de negócios, atrás da japonesa Toyota e da alemã Volkswagen.
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Após a votação dos acionistas da PSA pela manhã, os acionistas da FCA, reunidos em assembleia geral, votaram na tarde da última segunda-feira, dia 4, a favor da fusão. A união se tornará efetiva no próximo dia 16, informaram os dois grupos. A Stellantis começará a cotar a partir do dia 18 nas bolsas de Paris e Milão, e do dia 19, em New York.
O grupo terá mais de 400 mil funcionários e reunirá 14 marcas tradicionais, como Citroën e Maserati, Fiat e Opel, Peugeot e Alfa Romeo, Chrysler, Dodge ou Jeep.
– Nunca tive tanta vontade de viver um momento da história como hoje – disse o presidente do conselho de supervisão da PSA, Louis Gallois, que se aposentará após a fusão.
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– Teremos um papel de primeiro plano na próxima década, na redefinição da mobilidade, como fizeram nossos pais fundadores, com muita energia – disse o presidente da FCA, John Elkann.

Os dois grupos enfrentam enormes desafios tecnológicos e estratégicos (veículos elétricos, digitalização, direção autônoma) e os efeitos devastadores da pandemia do novo coronavírus.
– Esta fusão era uma questão de sobrevivência tanto para a Fiat como para a PSA – afirma Giuliano Noci, professor de estratégia da Escola de Comércio de Milão.
As marcas do grupo vão reduzir, em particular, os custos de desenvolvimento e de fabricação e completar sua oferta em todas as gamas.
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– Graças à união com a PSA, a Fiat-Chrysler poderá reforçar a presença na Europa. O grupo francês colocará novamente um pé nos Estados Unidos, graças ao seu aliado ítalo-americano – pondera Giuseppe Berta, professor da Universidade Bocconi de Milão e especialista em Fiat.
Uma fusão modificada
A votação dos acionistas sela a união contemplada desde 2018, anunciada no fim de 2019 e que teve a preparação afetada pela crise do coronavírus. No fim de dezembro, a Comissão Europeia aprovou a união, com uma condição: que os dois grupos cumpram os compromissos para preservar a concorrência no setor dos pequenos utilitários, área em que controlam grande parte do mercado.
As montadoras já haviam modificado o contrato para que a união seja um casamento entre iguais, enquanto a pandemia afetava suas respectivas contas. A FCA aceitou reduzir o valor de um dividendo pago aos acionistas. A PSA vendeu 7% do fabricante de equipamentos francês Faurecia.

Haverá fechamento de unidades?
Nos documentos apresentados às autoridades financeiras, PSA e Fiat consideram que a fusão custará 4 bilhões de euros (4,9 bilhões de dólares) e que as sinergias permitirão economizar com o tempo até € 5 bilhões (US$ 6,13 bilhões) por ano.
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O presidente do conselho de administração da PSA e futuro CEO do novo grupo, Carlos Tavares, disse no final de 2019 que não estava previsto o fechamento de nenhuma fábrica. Os sindicatos duvidam disso.
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– Globalmente, é um bom seguro para o futuro do nosso grupo. Os que não tomarem esta curva correm o risco de ficar para trás. Hoje, o grupo FCA é uma grande incógnita para nós. Que sinergias haverá? Que potenciais consequências para as plantas situadas na França? –questiona Franck Don, delegado do sindicato CFTC da PSA.
O fundo Phitrust adverte, porém, que a Fiat não tem margem de manobra na Itália, onde obteve um empréstimo garantido pelo Estado de 6 bilhões de euros.
– As fábricas francesas da PSA poderão se tornar a variável dos ajustes, gerando fortes perdas de emprego – avisa o fundo.
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