Para muitos, o rosto de Gianni Infantino é familiar por seu papel de regente dos sorteios da Liga dos Campeões e das grandes competições da Uefa: este ítalo-suíço poliglota, número 2 do futebol europeu, aspira agora se tornar o presidente da Fifa.
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“Não sou o candidato da Uefa. Não sou o candidato europeu, sou o candidato do futebol”, declarou o ambicioso Infantino ao término da reunião do Comitê Executivo da Uefa em janeiro, quando recebeu o pleno respaldo da entidade.
A Uefa apostava todas as fichas em Michel Platini, seu presidente, mas essa opção foi excluída com a suspensão do ex-jogador francês, acusado de ter recebido um pagamento de 1,8 milhão de euros em 2011 de Joseph Blatter, presidente da Fifa.
Infantino foi incluído de última hora, em outubro, na lista de candidatos à presidência da Fifa como teórico ‘plano B’ da Uefa, caso Platini não pudesse apresentar candidatura às eleições, o que finalmente acabou acontecendo.
O escudeiro de Platini, braço direito do francês como secretário-geral da Uefa, se tornou agora o protagonista e terá grande oportunidade de ser o homem mais poderoso do futebol.
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Antes mesmo de descobrir como acabaria o ‘caso Platini’, Infantino se lançou de cabeça na campanha eleitoral, multiplicando viagens e contatos para arrebatar o maior número de votos possíveis, algo que não caiu bem no entorno do presidente da Uefa, que viu nessas manobras um excesso de ambição.
Até agora, Infantino era mais conhecido como o simpático ‘carequinha’ dos sorteios da Champions, nos quais mostrava todo sem conhecimento de línguas, falando fluentemente Inglês, francês, alemão, italiano e espanhol.
Uma virtude que, aos 45 anos, pode levar outro suíço a assumir a presidência da Fifa, seguindo os passos de Blatter, de 80 anos. Infantino nasceu em Brigue, curiosamente a cerca de 10 km de Viège, cidade natal de Blatter.
– Especialista jurídico –
Os primeiros trabalhos de Infantino, torcedor da Inter de Milão, no mundo do esporte, foram como secretário-geral do Centro Internacional de Estudos do Esporte (CIES) da Universidade de Neuchâtel, antes de se tornar assessor de diversas entidades, entre elas das Ligas de futebol de Espanha, Itália e Suíça.
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Infantino entrou na Uefa em 2000, como encarregado de questões jurídicas e comerciais. Em janeiro de 2004, foi nomeado diretor da divisão jurídica.
Durante esta etapa, segundo seu currículo oficial na Uefa, Infantino “estabeleceu estreitos contatos com a União Europeia, o Conselho da Europa e as autoridades governamentais”.
Foi nomeado secretário-geral adjunto da Uefa e, pouco depois, secretário-geral, em 2009. Desde então, Infantino exerce papel muito importante no futebol europeu e deu impulso a projetos como o do ‘Fair Play financeiro’ dos clubes (não gastar mais do que se arrecada), um dos grandes focos da Uefa nos últimos anos.
As reformas na Fifa, sacudida por escândalos de corrupção desde maio do ano passado, são imperativas e Infantino conhece em primeira mão os projetos em andamento, como integrante da Comissão de Reformas da Federação Internacional, constituída em julho do ano passado, sob a presidência do advogado suíço François Carrard.
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Estas reformas serão um dos principais assuntos do Congresso Eletivo extraordinário da Fifa, nesta sexta-feira, dia em que a entidade que rege o futebol mundial dará início ao novo projeto para sair do fundo do poço.
* AFP