Uma solução para a falta de leitos hospitalares em Joinville, como a que pode ter contribuído para a morte do pedreiro Raul Domingos, de 43 anos, na semana passada, após espera de 48 horas por uma vaga de UTI, será discutida na tarde de hoje em encontro de gestores da saúde da região com o secretário estadual Dalmo Claro, na Secretaria de Desenvolvimento Regional, no Centro.

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A solução se chama central de regulação de leitos, exames, consultas e procedimentos e é uma maneira que também pode acabar com indecisões e entraves na hora de mandar um paciente grave para hospitais privados, caso falte leitos nas unidades públicas – discussão levantada com a morte de Raul, que teve de aguardar em uma maca no PA Norte até disponibilização de um leito no Hospital Regional.

A criação dessa central é uma exigência do Ministério da Saúde, sob pena da região deixar de receber recursos para a rede de urgência e emergência estabelecida entre as cidades. O serviço nada mais é do que um local com atendentes e médicos que saberão em tempo real, por meio de um programa de computador, onde há leitos disponíveis e que poderão autorizar o encaminhamento de pacientes graves a eles. Iniciativa semelhante já ocorre com o Samu, hoje, mas que regula o transporte de pacientes entre unidades.

O custeio da central é um dos pontos em discussão. O ministério banca 40% do investimento. Falta acordo entre Estado e os municípios atendidos pela central para bancar os 60% restantes. Não há uma estimativa precisa de gastos, já que estão em jogo aluguel de espaço, montagem da estrutura e custeio de pessoal. Segundo o ministério, o serviço precisará de 16 atendentes e 14 médicos.

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A previsão é que 26 cidades da região Nordeste e do Planalto Norte de SC integrem o serviço. A reunião de hoje faz parte de um calendário de outros encontros que já vem ocorrendo entre gestores e busca novos avanços no assunto.

Não há promessa de uma solução definitiva nesta segunda-feira para que o serviço seja colocado em prática, explicam secretários e gestores envolvidos no processo. Gestores de hospitais também devem participar do encontro. O secretário de Saúde, Dalmo Claro, não foi encontrado, ontem, para comentar o assunto.

A central de regulação regional é diferente da integração de gestão da unidades municipais e estaduais, que está em curso após proposta do prefeito de Joinville, Udo Döhler. Sobre essa integração, Udo, o secretário municipal de Saúde Armando Dias e o secretário estadual Dalmo Claro também voltam a conversar na manhã de hoje, em encontro de rotina que deve acontecer todas as segundas-feiras, durante este ano.

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A busca de soluções para a falta de leitos após a morte do pedreiro, na semana passada, deve voltar à conversa. Segundo o prefeito, há ações em curso para amenizar o problema dos leitos (entre elas, a busca da reativação de 30 leitos básicos no Hospital Bethesda e instalação de seis novas vagas de UTI no Hospital Municipal São José), mas nenhuma delas com promessa de solução imediata ao problema.

– A integração da gestão passa pela instalação de software nos hospitais, sobre o que vamos conversar. O município absorveu muitos custos com saúde, como a alta complexidade, que é função do Estado, e precisamos achar um jeito de rever isto, senão não conseguimos avançar -, diz Udo.