Gean Loureiro (PMDB) assumiu a prefeitura de Florianópolis com um déficit recorde e um discurso de enxugamento de gastos. Distribuiu promessas e tomou medidas que fizeram barulho. Logo no começo do ano, aprovou um pacotão de mudanças que chegou a provocar a saída do seu então secretário de Cultura, Esportes e Juventude, o vereador Lela (PDT), que discordava das alterações.
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Com mudanças substanciais, o pacote acabou indo adiante. As principais alterações aprovadas se referem ao plano de carreira de servidores públicos municipais, que teve limitações em licenças e gratificações. Também em nome do ajuste de contas, a atual gestão transformou a Comcap em autarquia.
A administração se envolveu recentemente em uma polêmica, quando se tornou público um documento assinado pelos presidentes do Conselho de Administração do Regime Próprio de Previdência dos servidores municipais. O relatório, com data de 28 de setembro, demonstra que a prefeitura descontou, em vários meses, o percentual da previdência dos funcionários sem o devido repasse. O Executivo nega que não tenha feito os depósitos patronais. O caso está sob análise do Tribunal de Contas do Estado e do Ministério Público de Santa Catarina.
A gestão da saúde também tem sido foco de críticas, por parte de vereadores da oposição e de entidades. Nos primeiros quatro meses do ano, a pasta recebeu cerca de 12% da receita municipal, e até o segundo quadrimestre pouco mais de 14%. O secretário municipal da Fazenda, Constâncio Maciel, garante que o mínimo constitucional, de 15%, será cumprido até o final do ano com tranquilidade. A meta é chegar aos 19%.
Em meio a tudo isso, o executivo municipal garante que as contas do município, ao final deste ano, fecharão no zero a zero, sem superávit, mas sem déficit. Para isso, o secretário municipal da Fazenda afirma que vários esforços estão sendo feitos, especialmente para cortar despesas. Alguns desses ajustes foram parte da lista de promessas com as quais o prefeito se comprometeu logo que assumiu a gestão. O DC verificou quais dessas medidas foram, de fato, cumpridas:
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Secretarias na passarela Nego Quirido – ainda não cumpriu
Conforme a prefeitura, a mudança exige reformas, e o projeto, feito pela Prosul, está pronto. No entanto, as obras devem custar R$ 2 milhões. A gestão informou, por e-mail , que “o município não tem orçamento neste ano e está planejando iniciar (as obras) em 2018”.
Redução de despesa com carros alugados – cumpriu
Em 2016 havia 82 veículos alugados, ao custo anual de R$ 182 mil ao ano. Neste ano são 39 automóveis, que consumirão, em um ano, R$ 86 mil. Foram mantidas as frotas alugadas da Guarda Municipal, Assistência Social e Saúde.
Segundo a Fazenda, a gestão está em fase final de contratação de aplicativo de táxi para atender os deslocamentos da administração municipal, que são caracterizados como administrativos e de representação. Com essa medida, 20 veículos poderão ser utilizados nas atividades operacionais da administração municipal. Os dados são da secretaria da Fazenda.
Redução de gasto com horas extras – não cumpriu
O secretário da Fazenda explica que o valor das horas extras foi reduzido, mas houve aumento do número de horas realizadas porque “há mais trabalho”. Ele cita as blitze feitas pela Guarda Municipal como um dos exemplos. A prefeitura não apresentou um cálculo discriminado do impacto financeiro, entretanto, Constâncio afirma que, no fim das contas, não houve redução, mas também não houve aumento desse tipo de gasto.
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Redução de gasto com aluguéis – cumpriu
A gestão renegociou contratos e fez mudanças de edifícios para reduzir as despesas com aluguéis:
– Aluguel do prédio ocupado pelas secretarias da Fazenda e da Assistência Social – custava R$ 70 mil ao mês em 2016 e, com a renegociação do contrato, caiu para R$ 39 mil;
– O imóvel do IPUF foi entregue e o órgão passou a ocupar o mesmo prédio da Secretaria de Meio Ambiente, Planejamento e Desenvolvimento Urbano, um aluguel de R$ 55 mil que deixou de ser gasto;
– Aluguel do Prédio da SMDU passou de R$ 130 mil para R$ 104 mil;
– Alteração do endereço do Procon Municipal – redução de R$ 55.094 mil para R$ 31.356;
– Redução do valor do aluguel onde estava a Assistência Social e que foi ocupado pelo Pró-Cidadão temporariamente, de R$ 97.366,66 para R$ 30 mil ao mês.
Redução de gasto com cargos comissionados – cumpriu, mas há ressalvas
A prefeitura tinha no ano passado 600 cargos comissionados – segundo informações da atual gestão – que, de janeiro a setembro, consumiram R$68 milhões em folha de pagamento. Neste ano, também conforme informações da prefeitura, seriam 317 cargos. Embora sejam menos, o gasto por funcionário equivale a R$ 17,3 mil mensais. Ainda assim, teriam sido dispendidos R$ 20 milhões a menos que em 2016, considerando os primeiros nove meses do ano.
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Entretanto, há uma flutuação considerável no número de cargos, com exonerações e nomeações constantes, o que dificulta avaliar e comparar o impacto financeiro. Em outubro, por exemplo, o executivo fez 24 nomeações e 18 exonerações. Quando a prefeitura respondeu o pedido de informação do DC sobre o número de cargos comissionados, no dia 26 de outubro, falou em 317. No dia 30 de outubro, contudo, o site da transparência mostrava uma lista com 378 nomes.