Formado em Antropologia com pós-graduação em Gestão de Processos em Marketing e mestrado em Administração na área de negócios com foco na parte de relacionamento e business, Juliano Alves atua na parte de relacionamento com desenvolvedores. Ele palestrará amanhã no TDC e, por telefone, concedeu entrevista ao DC falando sobre a importância do segmento de games e a relevância de SC neste cenário.
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Diário Catarinense – Como está o setor de games no Brasil? Quais as grandes tendências?
Juliano Alves – É uma crescente. A grande tendência é, cada vez mais, a presença do desenvolvedor nacional. Quando comecei a trabalhar com isso, em 2000, tínhamos que produzir games pro mercado externo. Já a segunda geração, de 2006 e 2007, começou a produzir games internos para propagandas, simuladores e para a área da educação. E agora começamos a viver a terceira geração, em 2011, numa onda de fazer games para consumo nacional e internacional via internet. Com o avanço da web, colocamos o game no mercado. Antes tínhamos o desafio de colocar o game na loja. Hoje simplesmente se faz o game e coloca ele online. Isso reavivou o mercado de desenvolvimento nacional.
DC – Qual a relevância do The Developer’s Conference (TDC) no cenário nacional de games?
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Alves – O TDC é um dos maiores eventos de desenvolvedores do Brasil. O diferencial, o legal dele, é que o foco dá atenção para o desenvolvedor nacional, antecipando e desenvolvendo o que será comercializado no futuro.
DC – Quais os principais desafios da produção de games no Brasil?
Alves – Por muito tempo brigamos para ter tecnologia. Hoje temos tudo isso. Mas o desafio atual é olhar para a parte de ser empresário. Porque abrir uma empresa e desenvolver um software são coisas diferentes. Tem que ter mercado. E isso é um desafio muito grande. Os profissionais da área precisam aprender a atingir o mercado. Este é o desafio.
DC – O que é preciso pra atingir o mercado?
Alves – É preciso ter foco, entender o público alvo. Às vezes a pessoa olha e pensa que quer fazer um jogo específico, mas será que este projeto é viável? Não adianta querer vender um Porsche se ainda não fez o Fusquinha.
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DC – Como está o mercado internacional?
Alves – O mercado internacional está à frente. O que temos lá fora, de 2003 para cá, é o maior mercado de entretenimento pessoal. Hoje é mais fácil ver um filme baseado num game do que o contrário. Criou-se uma indústria com uma taxa de consumo muito alta.
DC – Quais os principais mercados para o desenvolvimento nacional?
Alves – Hoje tenho visto muitos bons projetos na área de educação e o governo está dando atenção a isso. Estão transformando livro de história em jogo, por exemplo. Game deixou de ser apenas diversão, agora é educação. A área médica também já está despertando, assim como outros várias setores que continuam em crescimento. A maneira de comunicar dos games é atraente para outros públicos, não só para o garoto que quer se divertir.
DC – Quais são as estratégias usadas pelas maiores empresas do Brasil?
Alves – A empresa precisa encontrar bons parceiros, que auxiliem e favoreçam a colocação no mercado. É preciso fazer com que a empresa seja conhecida e propiciar relações comerciais. Tem que fazer uma ponte entre aquele que precisa de um determinado produto e o que pode executá-lo. Além disso, é importante criar valor, criar a necessidade daquele produto. Mostrar que a pessoa tem necessidade de ter aquilo. Uma garrafa de água pode valer pouco, mas no deserto pode valer muito.
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DC – Nesta área, qual a importância das empresas que estão em SC?
Alves – Santa Catarina e a região Sul de forma geral são uma das três áreas de crescimento. Junto com São Paulo e Minas Gerais, é uma das macrorregiões do Brasil. SC tem uma característica interessante que é o apoio e o reconhecimento dado aos desenvolvedores de games. Ao contrário do que ocorre em muitos lugares, aqui eles não são vistos como criadores de joguinhos, são conhecidos como profissionais de fato. A indústria não é tão bem formada, mas está se formando.