Quando Valmor Stüpp começa a contar suas histórias numa roda de amigos, alguém sempre lhe pergunta, em tom de brincadeira, se já chegou aos 100 anos. Em Blumenau desde os 13, hoje ele está com 71 e ainda conserva uma memória invejável: enquanto anda pela XV de Novembro, aponta para os prédios e apresenta um breve histórico de cada um, inclusive citando o nome de seus antigos proprietários (aliás, nome e sobrenome). Também cita datas (aí incluídos dia, mês e ano) com precisão.

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Nasceu em Ituporanga e, quando chegou por aqui na década de 1950, teve tempo, por exemplo, de ver a XV ainda de chão batido sendo atravessada por carroças. Isso depois de ter vindo, sozinho, num vagão de trem, em busca de estudo e emprego.

Foi para uma pensão e logo nos primeiros dias conseguiu vaga na Agência Marítima e Comercial Ltda. (Samarco) como ajustador de motores. Mas aí um cliente gostou do seu serviço e, oferecendo um salário muito maior, quis tê-lo como empregado. Valmor então foi para a Singer, onde ficou exatamente 14 anos e 10 meses. Saiu da empresa mas continuou como seu representante comercial por 40 anos.

Agora Valmor se divide entre Blumenau e Balneário Camboriú, faz caminhadas no parque Ramiro Ruediger e todos os dias circula pelas ruas XV e Itajaí, onde se encontra com velhos amigos. Desta presença constante, tornou-se personagem popular:

– Subo a XV e tenho que ficar com o braço levantado, acenando. Meia Blumenau me conhece.

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Em seu itinerário também está a não menos popular Sorveteria Schmitt. O dono, Euzébio Schmitt, confirma:

– Está aqui quase todo dia. Toma sorvete, conversa com o pessoal. Dá para morrer de rir com ele.