Como na época não havia muitas escolas por perto, o normal era que os jovens do interior de Rio do Sul seguissem os estudos em seminários. Mas exercer o sacerdócio jamais esteve nos planos de Mário da Silva. Então, para fugir da batina, ele resolveu aprender o ofício de barbeiro com um vizinho. Era 1966.

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Dois anos depois, Mário deixava a roça para trás e se mudava para Blumenau: veio trabalhar na barbearia de quem havia lhe ensinado o ofício na cidade natal e agora ganhava a vida aqui.

Com um pouco mais de experiência, abriu um negócio próprio em 1969 na Velha.

– Antes éramos novos e bonitos. Agora só somos bonitos – brinca.

Está no mesmo bairro até hoje, aos 67 anos, preservando uma clientela fiel – ele a compara a uma família – com seu talento para as tesouras. Enquanto trabalha, joga conversa fora num papo que vai das eleições a uma boa piada. Ficar muitas horas em pé, de terça a sábado, já lhe rendeu varizes nas pernas e duas cirurgias para curar o problema.

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Mário é aposentado, mas não larga a barbearia na rua João Pessoa. Em parte porque gosta de ficar perto dos fregueses, que se tornaram seus amigos ao longo do tempo.

– Ele é um grande profissional na área – declara Airton da Silva, 78, cliente há pelos menos 45 anos.