Fabiano Wahldrich quase virou padre. Só lhe faltou, como ele mesmo confessa, vocação. À época, por volta dos 13 anos, fazia parte de um grupo de coroinhas da igreja no Belchior Alto, em Gaspar, onde mora ainda hoje. Até que eles decidiram se isolar num seminário e viver a vida de batina. Os rapazes então se mudaram para o seminário São Francisco, em Ituporanga, de onde só saíam três vezes ao ano para visitar os pais. Fabiano resistiu por três anos. Outros ficaram mais algum tempo, mas a verdade é que nenhum deles se tornou de fato padre.

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O negócio de Fabiano são as feiras livres. De segunda a sexta, com seu jeito brincalhão pode ser encontrado na Escola Agrícola, Itoupavazinha ou na Velha. Está com 44 anos, mas desde os 10 ajudava os pais cortando frutas ou os acompanhando de carroça (e mais tarde numa Kombi) enquanto vendiam de porta em porta os produtos coloniais que faziam. Graças a isso, Fabiano aprendeu a negociar e, de quebra, a fazer pães, bolos, biscoitos e geleias.

O dia dele começa cedo. Acorda às 4h, assa os pães, arruma os produtos em uma Fiat Ducato e parte para a feira. Na Itoupavazinha, por exemplo, mal ele chega e já encontra clientes à sua espera – isso ainda de madrugada. Desta convivência diária, freguês e vendedor se tornaram velhos amigos.

É um negócio de família: a cunhada o ajuda a vender enquanto o marido dela (irmão de Fabiano) e a filha do casal produzem em casa; o mesmo fazem a mulher e a filha de Fabiano. Para casa, só retorna às 22h:

– É cansativo, mas a feira está no sangue.

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