Em 1975, aos dois anos, o primeiro filho de Catarina Bechtold teve meningite e paralisia. Da boca dos médicos, a mãe recebia a notícia de que o menino nunca mais andaria. Negando-se a aceitar o diagnóstico, ela desafiou um a um e saiu com a criança em busca de novos tratamentos. Foi a Curitiba e, depois de 14 cirurgias, quando Gilmar já estava com 17 anos, deparou-se com o que tanto sonhava: viu o filho dar os primeiros passos sozinho, pela primeira vez.

Continua depois da publicidade

Muito da força para desafiar o que a ciência lhe dizia Catarina tirou da fé em Deus. Era católica, há oito meses entrou para a Igreja Adventista e traz no antebraço esquerdo uma tatuagem em que se lê Jesus. Foi também por essa época, assistindo à recuperação do próprio filho, que decidiu que deveria se dedicar à solidariedade:

– Enquanto viver, vou ajudar as pessoas. Não é um trabalho fácil, mas não penso em parar. Me faz bem.

Seu trabalho social começou há quase 40 anos, quando ainda era costureira. Aposentada e mãe de cinco filhos, hoje sai pela cidade com seu Ford Ka, comprado ano passado para auxiliar no transporte dos materiais, arrecadando alimentos, móveis e roupas e os distribuindo às famílias carentes. Para ela, não tem hora, nem local:

– Quando não ganho, eu compro, às vezes fiado. Eu tomo as dores das pessoas. Enquanto não consigo ajudar, fico mal.

Continua depois da publicidade