Após comandar a Missão das Nações Unidas para a estabilização do Haiti (Minustah) , o general Carlos Alberto dos Santos Cruz (leia entrevista aqui), 60 anos, se prepara para assumir uma tarefa de magnitude ainda maior.
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Ele sairá da reserva para comandar cerca de 20 mil homens, vindos de 20 diferentes nações, em uma missão de paz da Organização das Nações Unidas (ONU) que pretende contornar a situação de guerra civil atravessada pela República Democrática do Congo.
O convite para assumir a missão foi confirmado ontem pela ONU aos ministérios das Relações Exteriores e da Defesa. Nascido em Rio Grande, o general será o único brasileiro a integrar a força, batizada de Monusco.
Ele já havia comandado a Minustah entre 2007 e 2009, tornando-se o general a passar mais tempo na posição e destacando-se na tomada de Cité Soleil, a favela mais violenta de Porto Príncipe. Atualmente, Santos Cruz atuava como titular da Assessoria de Defesa da Secretaria de Assuntos Especiais (SAE) da Presidência da República.
O conflito na República Democrática do Congo, que mistura o golpe de Estado perpetrado pelo líder rebelde Laurent Kabila com o conflito entre as etnias hutu e tutsi, começou após o genocídio em Ruanda, em 1994. Desde então, diferentes milícias rebeldes controlam o território – a maior delas, o Movimento 23 de Março (M23), é composta por ex-militares. Desde julho de 2010, quando foi criada a missão de paz, 55 soldados da ONU morreram vítimas de ataques rebeldes.
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Em 28 de março de 2013, uma resolução do Conselho de Segurança, inédita na história da ONU, deu à Monusco um mandato para ocupar territórios dominados por grupos rebeldes, em especial o M23, acusado de ataques contra a população, abusos aos direitos humanos, exploração sexual e violação do direito internacional. Uma brigada de intervenção, com objetivo de neutralizar os grupos armados do país, foi acrescida ao efetivo já no Congo, iniciativa criticada pelos rebeldes como “ofensiva” e “imparcial” por parte das Nações Unidas.