O destino parece não querer separar os irmãos Higor e Hugo Zati, 19 anos. A parceria uterina prevaleceu na escolha das atividades e, com a ajuda de um pouquinho de sorte e muito talento, tem sido mantida profissionalmente. Neste fim de semana, os gêmeos, alunos do sétimo ano da Escola do Teatro Bolshoi no Brasil, se despedem prematuramente das salas de aula por um bom motivo: vão ingressar, juntos, em seu primeiro emprego.
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Bastou pouco menos de dois anos em Joinville para que os irmãos de Londrina (PR) ampliassem o conhecimento e estivessem seguros para começar a carreira e, de quebra, voltarem a estar próximos da família. Eles são as novas contratações do Ballet de Londrina, uma companhia profissional de dança contemporânea mantida pelo poder público. Lá, os meninos terão um salário digno para ajudar a família, que vem enfrentando uma série de dificuldades. Com os pais doentes, eles não conseguiam se manter na cidade e quase tiveram que desistir da dança no ano passado.
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Reconhecendo o esforço dos gêmeos para continuar o curso, o Bolshoi os acolheu em uma casa social até os últimos dias. Higor e Hugo também tiveram todo o apoio da direção do Bolshoi para voltarem para Londrina, mesmo não terminando o curso e, por causa disso, ficando sem o diploma. Para o diretor- geral, Pavel Kazarian, o ideal é que os alunos permanecessem até o último ano do curso, porém entende que a necessidade pode acelerar o ingresso dos alunos no mercado de trabalho.
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Independentemente de saírem de Joinville sem a marca da filial russa, eles são enfáticos ao dizer que os anos passados em Joinville transformaram o modo com que se relacionavam com a dança, arte que começaram a aprimorar aos 13 anos, na Escola Municipal de Dança de Londrina.
– Graças ao Bolshoi, tudo o que eu sabia sobre balé foi expandido. Foi aqui que eu realmente conheci o mundo da dança – relata Hugo.
A oportunidade de os gêmeos ingressarem no Bolshoi ocorreu por acaso, quando vieram a Joinville participar de uma oficina durante o Festival de Dança de 2013. A vinda, que não foi nada fácil, já que tiveram que vender doces e se apresentar no semáforo para juntar o dinheiro da passagem, rendeu convite para participar da audição da escola naquele ano.
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Depois de conhecerem o talento dos irmãos, os professores não tiveram dúvidas e chamaram os dois para se matricular. Em princípio, os pais e a irmã mais nova de Higor e Hugo mudaram-se para Joinville. Venderam móveis e fizeram empréstimo para bancar a mudança. Com a descoberta da doença do pai, que é pedreiro e único responsável pelo sustendo da família até então, eles precisaram deixar a cidade.