Nem só de grandes clubes saem nadadores de sucesso no Brasil. Enquanto alguns atletas se desesperam para treinar e competir por uma entidade, duas gaúchas prosperam nadando contra a corrente. Gêmeas idênticas, Betina e Laura Lorscheitter, 19 anos, apostaram em um projeto independente. No último ano da categoria júnior, são destaque: Betina levou o bronze na categoria absoluto dos 400 metros livres do Troféu José Finkel 2009; Laura é a atual líder do Circuito Mercosul de Travessias.
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Ahistória das irmãs no esporte começou cedo: aos cinco anos já nadavam em escolinha. O projeto que as tornou disputadas por alguns dos principais clubes brasileiros, porém, é recente. Preocupado com o conflito entre os objetivos das gurias e o clube que representavam, em Porto Alegre, o pai, Paulo Lorscheitter, começou a planejar a mudança há cerca de cinco anos.
Estrategista, pôs no papel o que acreditava que as meninas precisariam para alcançar bons resultados. A lista incluía treinador, nutricionista, fisioterapeuta, biomecânico e até assessor de imprensa. Com pinta de empresário, o engenheiro foi atrás de patrocínio para o sonho das filhas. Conseguiu.
Desde então, há três anos, Betina e Laura recebem um treinamento digno de campeãs. As gurias reconhecem o esforço do pai.
– Tinha uma época em que treinávamos às 5h da manhã. Ele levantava às 4h para nos levar para o clube. Correu sozinho atrás de tudo – conta Betina, caçula por um minuto de diferença.
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Líder do ranking brasileiro júnior 2 dos 400 metros livres em 2008, Betina é a porta-voz da dupla. De baby look e calça de suplex prestará vestibular para Educação Física. Mais reservada, Laura quer ser veterinária. Mas isso, garantem as alunas de curso pré-vestibular, é para o futuro.
Por ora, a natação segue como protagonista na vida das duas moradoras do bairro Jardim Botânico, na Capital. Com treinos diários à tarde, Laura se aventura desde 2007 também em mar aberto, disputando maratonas aquáticas. Já Betina segue focada na piscina, em dois turnos por dia. Pelo bom desempenho nas competições, recebeu um documento com o recado da Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos: deve se preparar para as competições internacionais. A primeira será já em 2010, no Campeonato Sul-Americano. A intenção é chegar à Olimpíada de 2012, em Londres.
– Melhor ainda se conseguir chegar aos Jogos de 2016 – comenta.
A disputa dos clubes pelas gêmeas gaúchas já começou. Mas mesmo com a carreira em ascensão, mudar não parece estar nos planos da dupla. O Minas, que tentou levá-las em 2008, conseguiu apenas a liberação do pai empresário para um intercâmbio de 30 dias. O paulista Corinthians foi outro que ensaiou negociações.
Atualmente, quem flerta com as meninas – que revezam os treinos nas piscinas do Grêmio Náutico Gaúcho e da PUCRS – é o Curitibanos. A proposta não exige que a dupla se mude para o Paraná. Inclui apenas o incentivo para que disputem as competições pelo clube. Mas Paulo é jogo duro. E não pensa em abalar a estrutura que conquistou para as filhas por qualquer proposta.
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