Com a palavra mudança em grande parte de sua campanha, Gean Loureiro (PMDB) quer mudar o resultado do pleito passado, quando perdeu para o atual prefeito, Cesar Souza Junior. Com 40 mil votos a mais do que a rival no primeiro turno, o peemedebista enfatiza que fará um novo modelo de administração, mais presente e discutindo mais com a comunidade.
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Florianópolis não tem 50% de seu território com cobertura de esgoto. No sul da Ilha, esse índice é zero. Diante das questões ambientais, jurídicas, escassez de recursos e o fato de que as cidades da região também despejam esgoto nas baías, o que promete para melhorar o saneamento básico de Florianópolis?
Temos um contrato de concessão com a Companhia Catarinense de Águas e Saneamento (Casan), que já traz recursos federais e até internacionais para viabilizar efetivamente a implantação numa proporção muito maior, buscando ter uma meta ao final de 100%. Existe hoje o Plano Municipal de Saneamento Ambiental aprovado, lei municipal que tem de ser revisada, para definir essas metas. Vamos acompanhar esse contrato de perto, fazer uma gestão conjunta do contrato e permitir que essas metas possam ser atingidas com a maior brevidade possível. É preciso não apenas dar a concessão e deixar a Casan fazer de acordo com a sua vontade. A vontade da execução da captação e tratamento de esgoto, inclusive do saneamento, tem que ser dirigida pela prefeitura, exigindo da concessionária aquilo que está apresentado como meta.
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O candidato fala em melhorar a balneabilidade das praias de Florianópolis desde que presidiu a Fundação Estadual de Meio Ambiente (Fatma) em 2013. De lá para cá, a situação só piorou. Por que o senhor não conseguiu efetivar melhorias à frente da fundação ambiental?
A responsabilidade do saneamento é da prefeitura. Isso é constitucional. O papel da Fatma é fazer a avaliação da balneabilidade. Agora, estimulamos e muito as prefeituras em ações que pudessem capitanear um processo de mudança desse cenário. No início de 2013, ainda quando houve o primeiro problema do rio do Braz, chamamos uma operação com diversos órgãos da prefeitura pedindo que tomassem as providências. E a partir dali iniciou-se o programa Se Liga na Rede, realizando um trabalho preventivo. E eu, como prefeito, vou assumir pessoalmente o comando dessas operações, permitindo que essas entidades todas possam trabalhar em conjunto, e que a prefeitura tenha o grande comando na mudança desse quadro de balneabilidade das nossas praias.
Quando o senhor presidia a Fatma, o que foi feito para resolver o que chamam de insegurança jurídica existente em Florianópolis, que contribui para polêmicas como a Ponta do Coral e os beach clubs? O que pode ser feito?Buscamos dar agilidade para tudo o que tinha relação com licença ambiental e era competência do órgão estadual. Agilidade não significa liberar tudo. Significa deliberar no menor tempo possível. Eu defendo eliminar todos os entraves burocráticos. Isso não quer dizer que a cidade vai autorizar tudo que precisa, pelo contrário, ela vai permitir deixar muito claro por que não pode, e daí a pessoa desiste do negócio ou entra na Justiça e busca seu direito. E esse vai ser o papel da prefeitura, assim como fiz na Fatma, dando agilidade aos procedimentos.
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O candidato fala em integrar os modais de transporte. Alguns terão que ser implantados do zero. Como pretende fazer isso?
O Plamus aponta as viabilidades de todos os modais, e de uma maneira muito especial, a questão do transporte rodoviário, apontando saídas e identificando o Bus Rapid Transit (BRT) como uma saída melhor do ponto de vista econômico e do benefício que isso pode trazer para a sociedade. Isso virou até um senso comum entre os candidatos. É óbvio que tem muitas ações de curto prazo que podem melhorar o sistema, como linhas diretas dos terminais até o centro da cidade, já que em alguns horários de pico os ônibus estão lotados e, mesmo assim, o ônibus vai parando em todos os pontos. Esse vai ser o nosso Diretão. Com a implantação do BRT, pretendemos finalizar trechos que possam, a partir dali, fluir um trânsito mais rápido. O primeiro ponto do BRT que vamos implementar é o direcionamento do Terminal Central de Integração (Ticen) até a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). E a partir dali, continuar esses investimentos. Para isso, essas estações de transbordo têm que ter possibilidade ou de transportar bicicletas ou de fechar as rotas cicloviárias. Florianópolis hoje tem ciclovias, mas não tem rotas cicloviárias. No quesito dos passeios públicos, que são os pedestres, nossa ideia é fazer uma grande campanha de melhoria das calçadas.
E essa questão do BRT, como fica em relação ao contrato com o Consórcio Fênix, com mais 18 anos de duração e que não prevê o BRT? Como o senhor pretende manejar essa situação?
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Na verdade, esse contrato vai ter que ser readequado. As empresas que prestam o serviço, na concessão do transporte coletivo, não têm que fazer aquilo que elas desejam. Elas têm que fazer aquilo que a prefeitura determina. A prefeitura é a grande responsável pelo bem-estar da população e pelo transporte coletivo dar certo. Não é porque tem uma concessão que eu deixo de ter responsabilidade.
O que ficou de bom da atual administração da cidade que pode ser reaproveitado? E o que o senhor pretende mudar completamente? De que forma?
Eu acho que é necessário dar continuidade àqueles investimentos que não saíram do papel. Existia uma vontade, por exemplo, de fazer o elevado do Rio Tavares, mas ele praticamente nem iniciou. Vamos dar continuidade e concluir a obra. Existe hoje uma expectativa de investimento nas creches do município, algumas em construção e outras que nem iniciaram. Vamos tirar isso do papel. Pretendemos dar continuidade para aquilo que está previsto pela atual administração ou planejado e não iniciou. E vamos, principalmente, mudar a relação com a sociedade, permitindo ter uma discussão mais ampla. Vamos ter a figura da prefeitura muito mais presente nas comunidades, na figura do prefeito e de seus auxiliares, dialogando e conversando, mas decidindo e realizando. Esse é o novo jeito de olhar a cidade. Esse é o objetivo: ser efetivamente uma chapa de mudança.
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O prefeito Cesar Souza Junior afirma que entregará o caixa da prefeitura em uma situação melhor do que recebeu na gestão de seu colega de partido, o peemedebista Dário Berger. O que o senhor espera encontrar?
Eu espero que ele esteja certo. Mas, aparentemente, não é isso que demonstra nossa cidade. Hoje temos fornecedores com atraso na prefeitura e não foi cumprido o acordo com os servidores, a implementação do plano de carreira. Há uma discussão sobre o Fundo Previdenciário. Não foram cumpridas promessas patronais. Mas eu torço que ele possa realizar tudo isso. Até agora, não aconteceu. Eu desejo o melhor para a prefeitura, mas já estou prevendo pegar uma situação financeira com dificuldades e ter uma gestão fiscal muito responsável, com medidas que possam diminuir o custeio e voltar a ter investimentos em Florianópolis.
Por que o candidato adotou um tom mais agressivo nas inserções e mais ameno na propaganda eleitoral?
Não adotamos um tom agressivo em inserções e muito menos no programa eleitoral. O que estamos apresentando são propostas, de maneira muito clara, e em algumas delas contrapondo apenas a realidade do município. A gente demonstra como está acontecendo e um novo modelo que vamos realizar.
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O candidato elegeu entre suas prioridades, caso eleito, reorganizar a administração municipal através de ¿profundas mudanças administrativas¿. Como vai fazer isso com mais de 500 cargos comissionados na prefeitura, uma coligação de 15 partidos e uma base de apoio que é maioria na Câmara?
Bom, hoje são mais de 700 cargos comissionados na prefeitura. Vamos reduzir o número. Vamos concentrar as ações em um número menor de secretarias, e a gente pretende com isso dar uma eficiência e uma eficácia ainda maior na execução das atividades da prefeitura. O fato de eu ter a maioria na Câmara permite que não aconteçam as relações que aconteceram na atual gestão, de buscar na oposição acordos em troca de cargos. Essa relação não vai existir. Nosso compromisso é com o resultado do trabalho com a sociedade. E todos os partidos que estão compondo a nossa coligação aderiram à nossa proposta sabendo desse critério. Vamos ter um critério técnico de escolha, de resultados da gestão. E acredito que, quando um político atua dessa forma, tendo uma característica de um gestor público eficiente, ele permite ter resultados que demonstram seu trabalho. Não é apenas atendendo grupos políticos que você consegue ter a satisfação da população. Você consegue prestando um bom serviço.
O senhor pretende reduzir o número de cargos comissionados para quantos?
A nossa meta é ter uma redução considerável. Algumas centenas não vão ser utilizadas.
A candidata Angela Amin teve seus direitos políticos suspenso pelo STJ, que voltou atrás da decisão nos últimos dias. O senhor também foi afastado de suas funções de vereador em 2007, e depois reverteu a decisão na Justiça. Na época, por que mudou de partido?
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Eu mudei de partido porque acreditei que teria uma nova proposta em outro partido. E acredito que, naquele momento, um grupo político todo teve uma migração, acreditando numa nova proposta. E a gente acompanha aqueles que estão conosco. Esse foi o meu objetivo. Quanto ao problema da candidata Angela Amin, não estamos trazendo nenhum tipo de comentário. Esse é um problema dela com o Ministério Público, com o Superior Tribunal de Justiça, que cabe a ela resolver. Estamos continuando a campanha no mesmo modelo que adotamos no primeiro turno. E, se me permite, no fato acontecido em 2007 não houve nenhuma condenação por improbidade administrativa.
O senhor participou ativamente do governo Dário Berger, incluindo a ocupação de três pastas ao mesmo tempo. Na atual campanha, o senhor fala que a cidade precisa mudar. Qual a sua responsabilidade nos problemas de Florianópolis?Acho que eu tenho uma responsabilidade nas transformações que ocorreram naquela gestão. Não conseguimos resolver todos os problemas, mas avançamos em muitas áreas. A saúde não tinha nenhuma unidade de pronto atendimento 24 horas, passou a ter duas. Construímos a terceira, que não foi aberta pela atual administração, a UPA do Continente. Construímos todas as policlínicas nas regiões de Florianópolis, que permitem modificar completamente a realidade da saúde, realizando consultas e exames especializados, que antes não se tinha em Florianópolis. Ampliamos consideravelmente o número de salas de aula, de vagas em creches no município, que tinha dificuldades. Foi o governo que mais pavimentou vias públicas no município. Ou seja, avançamos muito naquele período, que me deu muita experiência de como verdadeiramente fazer essas transformações, reduzindo o custeio e voltando a ter capacidade de investimento da prefeitura.
O candidato foi da base de apoio da ex-prefeita Angela Amin, em parte do governo da pepista, entre 1997 e 2004.O que fez com que vocês se afastassem, inclusive com críticas do senhor aos Amin, tanto em 2016 como em 2012?Primeiro, eu não tenho críticas aos Amin. Eu estou trazendo propostas nesta campanha. Não estamos aqui para fazer críticas. A nossa campanha é propositiva. Eu tenho muito respeito por todos os candidatos, incluindo a candidata Angela Amin.
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Três curiosidades sobre: Gean Loureiro (PMDB)