Depois de ser levado para a Polícia Federal (PF) e prestar depoimento na manhã desta terça-feira (18), o prefeito de Florianópolis, Gean Loureiro, foi liberado. Em uma rede social, durante pronunciamento de 3min47seg na noite desta terça, ele disse que se sentia na obrigação de prestar esclarecimento, reiterou uma postura de honestidade e que vai mostrar que "tudo não passou de uma grande injustiça". Em seguida, o prefeito concedeu entrevista coletiva para falar sobre o assunto (confira abaixo).

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— Hoje cometeram a maior injustiça da minha vida comigo e com toda a minha família — afirmou.

Gean foi levado pela PF durante a Operação Chabu, que investiga suposta violação de sigilo de operações policiais. Na rede social, o prefeito da Capital catarinense afirmou que respondeu cerca de 70 perguntas durante o depoimento.

Gean disse que a polícia ouviu todas as suas informações e chegou à conclusão de que não teria nenhuma relação no processo.

— Confrontou todos os dados, outros depoimentos e viu que não tinha nenhum motivo para eu ser preso — relatou.

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Outras seis pessoas foram presas e 23 mandados de busca e apreensão foram cumpridos ao longo desta terça-feira.

"É o dia mais infeliz da minha vida", diz prefeito após liberação

Na entrevista, Gean falou por pouco mais de 40 minutos sobre o que ocorreu ao longo da terça-feira. O prefeito abriu a fala dizendo que esse era "o dia mais infeliz" da vida dele, que se sentia "o ser humano mais injustiçado" e deu detalhes de como ocorreu a operação da PF.

Gean disse que a PF foi até a casa dele no início da manhã e pediu documentos, computadores, celulares e senhas, que foram fornecidos por ele. Em seguida, o prefeito foi informado de que havia um mandado de prisão e que o primeiro passo dele seria um depoimento na PF.

Gean disse que aguardou em uma sala por cerca de uma hora e, em seguida, prestou um depoimento, com duração aproximada de três a quatro horas. No total, foram 70 perguntas de acordo com o prefeito. Ao final dos questionamentos, alegou que o delegado que colheu depoimento ficou satisfeito com as informações prestadas e pediu para que ele não assinasse a guia de recolhimento de preso.

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— O próprio delegado instrutor disse que o depoimento acabou virando uma colaboração, porque prestei todas as informações. Ele disse: vou até pedir para que o senhor não assine a guia de recolhimento de preso. Diante de seu depoimento, não estou vendo nenhum fato que justifique o senhor estar preso — alegou.

Depois disso, Gean e o advogado Diogo Pítsica pediram para falar com o delegado que coordenava a operação, a quem o prefeito novamente esclareceu os fatos no meio da tarde. O delegado informou que precisava concluir os outros depoimentos.

Segundo o prefeito contou na coletiva, ao final dos depoimentos o delegado informou que iria pedir a revogação da prisão. Segundo o advogado de Gean, essa teria sido uma prerrogativa concedida pelo desembargador na decisão, de permitir que o delegado decidisse sobre a manutenção ou não da decisão após ouvir os depoimentos.

Com isso, o prefeito foi liberado da sede da PF por volta das 20h30min, uma hora antes de conceder coletiva à imprensa. Gean afirmou que aguardou todo o tempo em uma sala de depoimento e que, como a guia de recolhimento de preso não chegou a ser assinada, sustenta o mandado não teria sido cumprido na integralidade.

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O afastamento de 30 dias do cargo de prefeito, no entanto, só pode ser revogada pelo desembargador que a concedeu segundo informou a defesa de Gean. Por isso, o prefeito não deve ir nesta quarta-feira à prefeitura, que fica sob responsabilidade do vice João Batista Nunes. A defesa dele vai até Porto Alegre já nesta quarta-feira para tentar reverter a decisão do afastamento no Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4).

Depoimento questionou prefeito sobre três pontos

Segundo o prefeito informou em coletiva, três pontos foram questionados durante o depoimento. O primeiro deles foi a apresentação de um delegado da PF que teria participado de uma reunião em que foi apresentado um projeto, chamado Meta 21, que poderia trazer recursos para Florianópolis. O prefeito disse que chegou a assinar um ofício demonstrando interesse na ideia, mas que a proposta não avançou depois da primeira reunião.

— Isso foi há aproximadamente mais de um ano atrás. Eu fui numa reunião, conheci o projeto, me pareceu meio sem lógica porque queriam fazer um investimento em cidade digital. Podia ser recurso para qualquer coisa (área), a gente está acostumado, (sabe que) não é tão simples assim. Insistiram que eu teria que apresentar um projeto para isso em três, quatro dias, uma semana. A gente não deu credibilidade a isso, não entregamos o projeto. Houve uma insistência que viria, que o recurso está chegando, nosso pessoal não acreditou, e acabamos não entrando no projeto – sustentou o prefeito, ao explicar que, por isso, não tinha nenhuma relação com o projeto. Conforme o prefeito, a PF busca a origem desse dinheiro e a participação do delegado da PF preso nesta terça-feira com o projeto Meta 21.

O segundo ponto sobre o qual Gean foi questionado em depoimento foi uma eventual participação dele no vazamento de uma operação batizada como Emergência. O prefeito novamente negou qualquer relação com o assunto.

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— Nunca ouvi falar da operação, não conheço as pessoas. Não tem relação nenhuma comigo, com a prefeitura, com pessoas que eu conheço. Quando checaram, viram que não tinha nenhum envolvimento de vazamento meu de informação de qualquer órgão de segurança – refutou o prefeito.

"Eu estava muito calmo, mas estava me sentindo injustiçado"

O terceiro ponto foi a suspeita de construção de uma "sala segura" na prefeitura de Florianópolis, com serviço de contrainteligência, que evitaria monitoramento da policiais.

— Nunca tive isso, nunca solicitei, na prefeitura não existe isso. Tanto que o delegado informou que a Polícia Federal foi na prefeitura hoje, analisou tudo e confirmou que não existia. Ou seja, os três pontos que podiam estavam totalmente desfigurados em relação a minha pessoa — defendeu o prefeito.

Gean afirmou que a PF foi gentil e educada, com liberdade para ligar para familiares, e disse que "felizmente não passou pela experiência de ser preso", por não ter sido conduzido à carceragem.

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— Eu estava muito calmo, mas estava me sentindo injustiçado. Imagine ter um mandado de prisão, que se divulga a todos. Sai uma imagem nacional, parentes de fora ligando apavorado que foi preso… Porque a hora que você é preso é porque roubou alguma coisa, desviou dinheiro público, e não está configurado nada disso, o processo não tem relação nenhuma com isso. Não tem relação com a prefeitura, com a minha pessoa, não tem relação com recursos meus ou recursos da prefeitura – sustentou.

Agora, o foco da defesa do prefeito passa a ser a reversão da decisão de afastamento do cargo de prefeito por 30 dias. O advogado de Gean deve ir a Porto Alegre nesta quarta-feira para pedir a revogação da medida ao desembargador.

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