A emocionante história do ex-atleta Gean Fermino, que doou um rim para a irmã

Continua depois da publicidade

-O que mais me preocupava na época era a cirurgia que iríamos enfrentar. Meu irmão Gean era saudável e iria colocar a vida em risco por minha causa. Lembro que quando estávamos na sala de espera para a cirurgia eu pensei em desistir e ele me disse para aguentar firme. Sou a irmã mais velha, era uma sensação muito estranha, uma insegurança. Eu me perguntava a todo momento se era o certo a se fazer – relembra Maria Helena.

A cirurgia foi um sucesso, os irmãos se recuperaram bem. Ela tinha 28 anos e já era casada naquela época. Não poderia ter filhos por conta do problema renal, então decidiu adotar três irmãs.

Futuro longe das quadras

Continua depois da publicidade

(Foto: Cristiano Estrela / Agencia RBS)

Gean Carlos Fermino viu seu futuro mudar radicalmente. Geralmente, o atleta que participa da seleção brasileira júnior de handebol tem grandes chances de subir para o elenco principal e esse deveria ser o futuro dele. A Olimpíada de Atlanta, nos Estados Unidos, aconteceu em 1996, um ano após o transplante e ele não pode estar com seus colegas, precisou abandonar a carreira no handebol para salvar duas vidas: a da irmã e a sua.

-Como fiquei com um rim apenas seria perigoso jogar, se eu sofresse uma colisão poderia haver falência do órgão. Imagina como foi para um cara de 20 anos, com potencial de estourar, ter que abandonar. Mas nessas horas entra o contexto familiar. Eu acordei com a decisão tomada, senti que precisava fazer pela minha irmã. Claro que tinha os medos naturais com a cirurgia, mas predominava a vontade de ser o doador – conta.

Após a cirurgia ele sofreu com dores abdominais e na coluna, também sentia que seu rim estava sobrecarregado.

Continua depois da publicidade

-Sou um homem mais emotivo também por conta desse processo que vivemos. Eu sempre sonhei em participar de uma Olimpíada – confidencia.

Clique na imagem e veja as histórias dos outros condutores da tocha olímpica

Gean se formou em administração e uniu os conhecimentos da sala de aula aos aprendizados como atleta. É professor de gestão do esporte e segue trabalhando até hoje na área, maneira que encontrou para se manter sempre perto do esporte.

E como a vida às vezes oferece uma segunda chance, Gean terá a dele. Vinte anos após o transplante vai participar, indiretamente, da Olimpíada do Rio de Janeiro. No dia 10 de julho ele carregará a tocha olímpica em Florianópolis e garante que será uma realização fazer parte deste momento especial.

Continua depois da publicidade

Quando questionado se repetiria a decisão de 1995, abrindo mão da carreira para salvar a irmã a resposta sai rápido:

-Eu faria tudo de novo, não tenho a menor dúvida. Ainda mais depois de passar tanto tempo e ver que deu tudo certo.