Após muita expectativa e apreensão entre familiares e amigos que chegaram a partir das 8h30min deste domingo ao aeroporto internacional Salgado Filho, os 11 gaúchos que estavam a bordo do navio de cruzeiro que naufragou na costa italiana foram recebidos com festa e gritos. No primeiro grupo a chegar, em meio aos abraços, Luís Augusto Stumpf Luz, 47 anos, relatou o drama pelo qual passou ao lado da noiva, da mãe e da irmã:

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– Nós estávamos em uma loja, comprando presentes. Foram momentos de pânico até conseguir chegar ao bote. Foram cenas como a do filme Titanic – descreveu, com os olhos arregalados.

– Tudo o que estava na loja começou a cair. Os pratos caíram, faltou luz – afirmou Lúcia de Mattos Leon Machado, 28 anos, noiva de Luís Augusto.

Neiva Stumpf Luz, 76 anos, a matriarca da família, tinha de um lado o filho Luís Augusto e do outro a filha de criação Maria da Glória Lopes, 62 anos, que a levaram até o deck 4, o local previamente marcado para se embarcar nos botes de salvamento em caso de emergência.

Uma hora após o reencontro com familiares no saguão do aeroporto, Thaís Doll Luz, 20 anos, neta de Neiva, que também estava a bordo, ainda estava muito abalada:

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– Foi um susto muito grande.

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Foto: Fernando Gomes

O segundo grupo de gaúchos, formado por cinco pessoas, desembarcou na Capital por volta das 10h40min deste domingo, pouco mais de uma hora após a chegada dos primeiros seis. No segundo voo, vieram Viviane Luz Scheffer, filha de Neiva, seu marido, Mauricio Scheffer, os filhos Eduardo e Juliana e Daniel Bonow, namorado de Juliana.

Segundo Viviane, as férias da família foram frustradas, mas ela afirma que a tragédia poderia ter sido maior. Ela afirma que, antes de encalhar perto da ilha de Giglio, no Mar Tirreno, o navio Costa Concordia ia em direção à ilha.

A passageira relata que o momento de maior pânico após o acidente foi quando emperrou o sistema que baixava barco salva-vidas em que ela estava, mas depois disso tudo correu bem.

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O marido de Viviane, Maurício, afirmou que, ao ser retirado do Costa Concordia, não imaginava a dimensão do acidente. Ele diz que o seu grupo acreditava, na hora, que tudo era apenas medida de segurança e que todos poderiam voltar ao navio mais tarde. Os passageiros acabaram surpreendidos pelo naufrágio.

Primeiro grupo chegou cerca de uma hora mais cedo

Os primeiros seis turistas gaúchos chegaram ao Salgado Filho antes das 10h e foram recebidos com festa pelos familiares. No voo, vieram Luís Augusto Stumpf Luz, Lúcia de Mattos Leon Machado, Neiva Luz, Maria da Glória Lopes, Adriana Doll Luz e Thais Doll Luz.

Luis Augusto, que viajou com a noiva, Lúcia, disse ter vivido “cenas de Titanic”, em referência ao naufrágio do famoso transatlântico, em 1912.

O grupo que chegou nesta manhã ao Salgado Filho veio até o Brasil saindo de Milão, na Itália. Os outros cinco turistas gaúchos partiram para São Paulo de Frankfurt, na Alemanha.

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O alívio de saber que está tudo bem

Entre as pessoas que se reuniram no Salgado Filho está Maria Laura Bonow, mãe do passageiro Daniel Bonow, 27 anos. Ela conta que o filho fez contato por telefone três vezes, a primeira delas na sexta à noite, antes mesmo da notícia de que o navio tinha naufragado. No dia seguinte, ao ver as notícias e se dar conta das dimensões do acidente, Maria Laura se sentiu aliviada por ter falado antes com Daniel.

– Isso foi importante, para manter um certo equilíbrio. Foi um alívio muito grande poder ouvir a voz dele – afirma ela.