A morte em circunstâncias nebulosas de um porto-alegrense radicado há mais de duas décadas nos Estados Unidos levanta questionamentos sobre o trabalho da Comissão de Táxis e Limusines da cidade de Nova York.

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Luiz Mauro Machado, 61 anos, pai de seis filhos, entre eles o jogador de basquete Scott Machado, morreu na noite de quinta-feira ao ser detido por fiscais da comissão, vinculada à prefeitura nova-iorquina, por supostamente atuar sem licença como motorista de táxi.

Autoridades afirmam que Machado passou mal no Aeroporto John F. Kennedy, onde estaria deixando passageiros, ao receber voz de prisão dos fiscais da comissão. Ele teria sido então levado ao Jamaica Hospital, onde os médicos não conseguiram reanimá-lo. Autoridades do departamento que investiga mortes em condições suspeitas tratam o caso como homicídio pelo fato de Machado ter morrido enquanto estava sob custódia dos fiscais, de acordo com o site do jornal New York Daily News. Cabe à Procuradoria do Distrito de Queens decidir se os agentes envolvidos na detenção de Machado serão acusados de homicídio.

Conduta de fiscais é alvo de reclamações frequentes

Segundo um porta-voz da agência que conduz o trabalho dos fiscais, Machado foi algemado ao serem constatadas supostas irregularidades e aparentou ter uma convulsão (leia entrevista nesta página).

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Conforme a rede de TV CBS Nova York, a federação estatal dos motoristas de táxi questiona os procedimentos da agência nova-iorquina e diz receber diariamente reclamações sobre a conduta supostamente agressiva dos fiscais. Segundo o porta-voz da federação, Fernando Mateo, ouvido pela CBS, há suspeitas de que “as táticas usadas causem problemas físicos e mentais aos motoristas”. Segundo o site do jornal New York Daily News, a agência apreende veículos sem licença que operam os chamados livery cabs, contratados para corridas pré-negociadas.

A família questiona por que só soube do caso mais de 16 horas depois do incidente. Segundo o filho Leo Machado, em declaração à imprensa, a mulher do motorista, Solenir, ligou para o telefone de emergência 911, em busca de informações sobre o marido e, horas depois, descobriu que ele havia morrido.

Família questiona demora e falta de informações

Mais de 48 horas depois, a família ainda não tinha conhecimento exato das circunstâncias da morte de Luiz Mauro Machado. Somente ontem, teria conseguido contato com o chefe de polícia, segundo o amigo da família e pastor da Igreja Batista da Liberdade em Nova York, o mineiro Aloísio Campanha. Machado era tesoureiro da igreja e sofria de pressão alta, segundo Campanha.

– A pressão alta pode ter influenciado, mas a família quer saber o que aconteceu para a pressão dele subir. Por que demoraram tanto tempo para informar os familiares sobre o que tinha ocorrido? – questiona o pastor.

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Machado era carpinteiro e passou a trabalhar como motorista depois que a empresa onde atuava faliu durante a crise de 2008, e ele e outros trabalhadores foram demitidos. O brasileiro prestava serviços a compatriotas que viajavam para Nova York e faziam contato com ele por meio de uma página na internet. Costumava buscar pessoas no aeroporto e as levava para tours pela cidade. Segundo amigos próximos, estaria em processo de regularização da minivan que dirigia.

Machado era pai de seis filhos. Um deles é formado em medicina, outro em veterinária. Há três mais novos que ainda não estão na escola, e Scott, atleta do Santa Cruz Warriors, time mantido pelo Golden State Warriors da NBA, equipe da Califórnia. O jogador já disputou campeonatos pela NBA, a liga americana.